Ha muitos motivos para manter a Torah oculta:
Não há um único detalhe na Cabala que não esteja abrangido por uma destas três proibições.
“Não ha necessidade”: Implica que não há nenhuma finalidade em revelar os segredos. Esta manifestação somente seria possível se houvesse um benefício imediato à ser auferido pela sociedade. De outra forma, encontrar-se-ia uma reação do tipo “e daí ”. Esta seria a reação das pessoas que acreditam que os Cabalistas se ocupam e fazem com que também outros se ocupem com assuntos sem importância. É este o motivo pelo qual os Cabalistas somente aceitavam estudantes que eram capazes de manter segredo e não revelar a não ser que fosse absolutamente necessário.
“É impossível”. Quer dizer uma proibição à revelação dos segredos devido as limitações do idioma. O nosso idioma não é capaz de transmitir os conceitos espirituais sutis. Todas as nossas tentativas de explicar em palavras são destinadas à fracassarem e a conduzir estudantes para fora do caminho.
Desta forma para ser possível revelar estes segredos, é necessário uma permissão divina.
Permissão divina. Ë mencionada nos trabalhos do famoso Cabalista cujo nome é AR “I. Lá está dito; “Saibam que a alma dos grandes é preenchida com uma aura de luz externa (em volta) ou interna (preenchida) E aquelas almas que estão preenchidas por uma aura de luz em sua volta tem o dom de contar segredos. E elas o fazem de tal forma que não serão compreensíveis para os não merecedores.
Por exemplo, o Rabbi Shimon Bar Yohai tinha uma alma cheia com a aura de luz externa. Ele tinha um tal poder que, mesmo quando aparecida na congregação, era compreendido apenas por aqueles que tinham recebido instruções divinas para escreverem no livro do “Zohar”. Houve Cabalistas antes dele que sabiam mais, porém não tinham esta habilidade de colocar conceitos espirituais em palavras.
Portanto fica claro que a apresentação da Cabala não depende do nível de conhecimento do Cabalista. Mais que isso, depende das qualidades de sua alma. De acordo com eles, o Cabalista recebe uma instrução divina para revelar certa parte da Torah. E portanto não conseguimos encontrar qualquer trabalho de base sobre a Cabala antes do “Zohar”.
Aqueles trabalhos que temos incluem apenas dicas vagas e obscuras. Desde o tempo do Rabbi Shimon, o único que foi autorizado a divulgar uma outra parte da Cabala foi o Rabbi Ari. Novamente, é possível que alguns Kabbalistas antes do Ari, soubessem muito mais que ele, mas não tinham a permissão divina para divulgar. Desde o surgimento dos livros do Ari, todas as pessoas que tinham algum envolvimento com a Cabala puseram os demais livros de lado e passaram a estudar somente o “Zohar” e os livros do Ari.
É um segredo privativo do Criador”. A essência desta proibição, é o fato que os segredos da Torah somente podem ser revelados à aqueles que são fieis ao Criador e que O respeitam. Este motivo para manter oculto os segredos da Torah é o mais importante de todos. Houve muitos charlatães que usaram a Cabala para seus interesses pessoais. Fizeram profecias, fizeram amuletos é desta forma enganaram as pessoas que confiaram. Esta é a razão pela qual a Cabala foi originalmente mantida oculta.
Os verdadeiros Cabalistas, assumiram então a responsabilidade de verificar em profundidade seus estudantes. Os poucos que eram autorizados a aproximar-se da Cabala em cada geração, o faziam sob voto. Eram proibidos de revelar mesmo o menor, o mais insignificante detalhe que se qualificava sob uma que fosse das três proibições mencionadas.
Não devemos presumir que esta divisão em proibições dividem a Cabala em si em três. Não, cada parte, cada palavra, cada termo se enquadra nestes critérios de ocultação. Nesta ciência estes três critérios estão permanentemente em ação.
Porém, surge então uma pergunta. Se de fato esta parte da Torah é ocultada tão profundamente, como é que surgiram todos estes escritos?
O motivo é que não há diferença entre as duas primeiras condições de segredo e a última. A última é a de maior importância. A condição de “não é necessário” muitas vezes pode ser alterada devido a circunstâncias externas, e transformada em “é necessário”. Por exemplo, isto pode acontecer devido ao desenvolvimento da humanidade como um todo, ou porque foi dada uma permissão divina. Esta autorização foi dada ao Rabbi Shimon e ao Ari, e em um nível menor à outros. Este é o motivo porque de tempos em tempos recebemos livros autênticos sobre a Cabala.
Esta também foi a forma em que recebi meus conhecimentos do meu mestre. Eu as recebi nas mesmas condições estritas de guardá-las e ocult-las. Porém devido as condições que foram mencionadas previamente em “Hora para agir”`, a condição “não é necessário” foi transformada em “é necessário” . E desta forma enquanto revelando uma parte, outras duas são mantidas em segredo e guardadas, tal como havia me comprometido à fazer.