A MARAVILHA QUE NÃO TEM FIM
por Michael Arshavsky
Ilustrações: Giya Basiliya


Num reino mágico, lá entre árvores muito velhas e altas, tem uma escola de mágicos. Como em toda escola, lá também tem alunos e professores, aulas e férias. E no fim do ano os jovens mágicos apresentam as mágicas que eles aprenderam.
Um dos alunos dessa escola se chamava “Assaf – arbusto-verde”. Esse apelido foi dado por seus amigos depois que numa das aulas Assaf transformou seu cabelo num pequeno arbusto verde e nunca mais conseguiu mudar seu cabelo ao estado normal.
“Com a chegada das férias anuais, os alunos se prepararam para a parada anual dos mágicos. Adivinhem que mágica Assaf-arbusto-verde preparou?

Não, não a mágica com a cama voadora e tampouco a bala que nunca acaba. Ele inventou um tapete mágico.
Para mover o tapete bastava ficar em pé em cima dele, pular duas vezes com a perna esquerda e dizer: ”Chik-Track!” e neste momento pensar em qualquer desejo e imediatamente o desejo se realizava. Mas porque Assaf era somente um aluno e não um mágico de verdade, a sua mágica durava apenas um minuto.
Para experimentar sua invenção, Assaf foi ao jardim de infância que estava dentro da velha arvore que ficava perto da sua escola.
Ele propôs às crianças do jardim de infância de subir no tapete e pedir um desejo. Naturalmente, todas as crianças correram para o tapete.

O pequeno Natan chegou primeiro. Natan era a criança mais baixa do jardim. Até Gadi, o mais jovem do jardim era mais alto do que ele. Natan pulou duas vezes com a perna esquerda, disse: ”Chick-Track” e gritou:” Eu quero ser o mais alto!” E imediatamente começou a crescer.
As crianças olharam surpresas como Natan ia se transformando; primeiro no mais alto de todas as crianças do jardim, logo depois mais alto que a professora e de Assaf, e finalmente sua cabeça chegou até o teto. Natan sentiu como suas roupas se esticavam e se esticavam e quase que se rasgaram: as calças, a camisa e até os laços dos sapatos.
“Olhem como cresci”, disse Natan emocionado às crianças do jardim, Mas o minuto da mágica passou e Natan voltou à sua altura normal. Assaf murmurou algumas palavras de mágica e consertou as roupas do pequeno Natan.

Tamar era a próxima da fila. Dois pulos sobre a perna esquerda “Chick-Track” e... Tamar parou no lugar. Havia muitos desejos em sua cabeça. “Boneca! Não, chocolate? Ou talvez, um carro? Não, carro é para meninos. Um vestido novo! Não, minha mãe de qualquer maneira quer me comprar um vestido novo e, além disso, de qualquer jeito depois de um minuto tudo vai sumir. O que escolher?”
De repente, seu olhar se posou sobre uma prateleira de bichos de brinquedo, e Tamar se lembrou que ela sempre quis que os bichos se tornassem reais. “Sim! que os bichos de brinquedo tornem-se bichos de verdade”, pediu Tamar, e o tapete mágico deu vida aos bichos de brinquedo um após o outro.
O jardim de infância se encheu com o barulho de asas e os gritos do papagaio. Gatos se tornaram reais, miavam e pulavam de um lado para o outro. Cachorros pequenos e grandes latiam. E os ursos sentaram-se no chão e pegaram o mel das crianças. As crianças se juntaram em volta da professora. Assaf se apressou e abriu a janela. Os pássaros voaram os gatos pularam em cima dos pássaros, os cachorros correram atrás dos gatos e os ursos também saíram pela janela. Passou um minuto e todos os bichos tornaram a ser brinquedos.

Depois dessa bagunça, as crianças hesitaram em se aproximar do tapete mágico, até que de repente um menino chamado Eli se lembrou que seu amigo Dudu tinha dor de dente. Por causa da dor de dentes, Dudu até desistiu de comer a maçã que trouxe de casa. Eli subiu no meio do tapete, deu dois pulos sobre a perna esquerda, ”Chick-Track” e... “Eu quero que a dor de dentes do Dudu pare!” E imediatamente todos ouviram a gargalhada alegre de Dudu.
“Obrigado, Eli!”, ele gritou. “vamos comer juntos a minha maçã”.

Chegou a hora do desjejum. A professora chamou as crianças para a sala das refeições e o jogo com o tapete mágico acabou.
Assaf-arbusto-verde dobrou sua invenção e fui atrás das crianças. Ele sabia que dentro de um minuto a mágica passaria e a dor de dentes do Dudu voltaria e ele teria que consolá-lo. Mas... Assaf se enganou. Dudu comeu, riu, puxou a língua para divertir os amigos, e o dente dele não doeu mais até depois de dez minutos.

E Assaf se perguntou: “Como é que a última mágica continuou mesmo depois de um minuto?”
Não achando resposta, ele foi procurar o seu professor de mágicas e lhe contou sobre o acontecido. O velho e sábio mago reagiu assim, acariciou a cabeça de Assaf-arbusto-verde e disse: “Saiba, meu pequeno amigo, a mágica feita para o bem dos outros jamais acaba!