O PEQUENO COELHO
por Dani Polovich
Ilustração: Ilana Benderenko



Numa certa manhã, o coelhinho acordou na sua caverna.
O sol já estava brilhando e pela janela escutava-se o canto dos pássaros.
“Que dia maravilhoso”, pensou o coelhinho. “O que farei hoje?”
Ele saíu da caverna e olhou em volta.
Ele não viu nada de interessante e já queria voltar pra sua caverna e comer sua refeição da manhã, quando de repente viu uma caixa grande, embrulhada com uma fita vermelha e decorada.
Havia um cartão amarrado na caixa.
O coelhinho era pequeno, mas já sabia ler: “P-r-e-s-e-n-t-e p-a-r-a o c-o-e-l-h-i-n-h-o”.
“Que lindo! Mas eu acho que meu aniversario já passou faz tempo”, pensou o coelhinho e esfregou sua testa. “Parece que alguém resolveu me dar um presente sem motivo”.
O coelhinho ficou muito contente. Um presente num dia ensolarado, que maravilha!
Ele desatou a fita, levantou a tampa e olhou pra dentro. Na caixa havia um monte de coisas.
O coelhinho ficou tão emocionado com o presente que ele não tocou nas coisas que estavam dentro da caixa.
“Obrigado” disse o coelhinho em voz alta. Ele estava acostumado a dizer “obrigado” quando recebia presentes.
Desta vez ele não sabia quem foi que lhe deu o presente e ele disse “obrigado” assim só pra dizer. Depois disso ele pensou que valia a pena procurar quem lhe deu o presente, para dizer-lhe “obrigado” de verdade. “É o que farei hoje”, ele decidiu. Ele se apressou em comer sua refeição matinal e saiu para procurar o doador misterioso.

Não muito longe de sua caverna, ele encontrou um ouriço. “Bom dia ouriço!” disse o coelhinho.
“Bom dia” Respondeu o ouriço com tristeza.
“Porque está triste?”, Perguntou o coelhinho.
“Colhi muitos cogumelos, mas não tenho bastante espinhos para espetar neles todos os cogumelos para levá-los para casa”.
O coelhinho não sabia o que dizer a respeito dos cogumelos, e simplesmente disse para o ouriço: “Não fica triste, ouriço, diga-me talvez você saiba por acaso quem me trouxe um presente?”
“Não, eu não sei”, respondeu-lhe o ouriço.
“Bem, então até logo por enquanto”, disse o coelhinho e correu para procurar quem foi que lhe preparou um presente tão bonito.

Ele correu pelo caminho e encontrou Micona. Quer dizer, antes ele viu a bicicleta de Micona que a escondia e depois viu Micona mesmo. Ela segurava a bicicleta e olhava para a roda.
“Bom dia, Micona! o que está fazendo?”
“Eu estou segurando a bicicleta e olhando para a roda”, Respondeu Micona.
“Isso eu estou vendo. No começou não tinha reparado em você, por causa da bicicleta. Mas porque você esta olhando para a roda?”
“Porque acho que ela está sem ar. E se não tem ar na roda eu não posso continuar o meu passeio de bicicleta”, disse Micona.
“Sinto muito não poder ajudá-la”, disse o coelhinho e ele também olhou para a roda sem ar. “Mas talvez você saiba quem foi que preparou um presente para mim?”
“Não, eu não sei, pergunta a coruja. Ela sabe de tudo”, disse Micona e voltou para sua bicicleta parada.
O coelhinho saiu à procura da coruja.
“Bom dia coruja”, disse o coelhinho com alegria quando a viu.
“Quem é?, eu não estou vendo nada”.
“Sou eu, o coelhinho”.
“Ah, o coelhinho. Sinto muito, eu não vejo nada por causa do sol que me cega. Se você quiser que te veja você terá que voltar novamente à noite”.
“Você não precisa me ver. Eu só queria te perguntar se você sabe quem me preparou um presente, Micona disse que você deve saber”.

“A sim, Micona disse? Não eu não sei, mas eu sei muitas outras coisas. E se você não tem mais perguntas então eu vou sumir misteriosamente”, disse a coruja e sumiu misteriosamente.

O coelhinho voltou para sua casa cansado e desapontado. Ele lembrou que de manhã ele não tinha prestado atenção no que havia dentro da caixa. O coelhinho levantou a tampa. dentro da caixa havia uma cesta, óculos escuros e uma bomba. “Oba são exatamente as coisas que faltam ao ouriço, à Micona e à coruja. E para mim eles não são essenciais”. pensou o coelhinho. “Eu vou dar-lhes o meu presente. eles precisam dele mais do que eu”. Ele pegou a caixa e correu para ajudar seus amigos.

“Ouriço, te trouxe uma cestinha! Agora você pode levar para casa os cogumelos que você colheu!
”E ele ajudou o ouriço a arrumar os cogumelos dentro da cesta.
“Obrigado” disse o ouriço satisfeito, e foi para casa com a cesta cheia de cogumelos.
O coelhinho correu para Micona. Ela ainda estava sentada na beira da estrada e pensava em como consertar a roda da bicicleta dela.
“Micona, trouxe uma bomba. Agora você pode encher o pneu e continuar seu passeio de bicicleta”.
“Excelente! Obrigada!” se alegrou Micona e começou a encher o pneu.
Ficou com o coelhinho o último presente que ele queria dar à coruja.

“Coruja!” chamou o coelhinho.
“Quem é?” perguntou à coruja.
“Sou eu o coelhinho”.
“O coelhinho. Voltou? Aconteceu alguma coisa?” Perguntou a coruja.
“Sim aconteceu. Trouxe-lhe óculos escuros. Agora você poderá me ver e a aos outros também até mesmo na luz da manhã”.
O coelhinho colocou os óculos no nariz da coruja.
“Obrigada”, disse a coruja. “Agora eu vejo você”.
“Você sabe coruja”, disse o coelhinho, ”Não consegui encontrar a pessoa que me trouxe essa caixa. Mas parece-me que é uma pessoa muito especial se ela deu-me um presente tão maravilhoso.
Eu queria tanto me parecer com ela, ser bom de coração como ela, que distribui todos os meus presentes para o ouriço, para Micona e para você.
Tenho certeza que eu não recebi o presente por acaso, mas que com a sua ajuda pude dar e ajudar aos outros e sentir como é bom!”
O coelhinho pulou de tanta emoção.
“Eu tenho que encontrar de qualquer maneira esse amigo maravilhoso!”
E ele foi para casa, mesmo com a caixa vazia, mas, feliz e muito curioso.