"Voce já conheceu o nosso pequeno Hipo?"
"Espera... voce está falando do pequeno Hipo?"
"Aguenta aí, deixa eu começar do início e eu vou lhe contar tudo sobre como o pequeno Hipo se transformou no hipopótamo mais feliz do mundo. Voce quer saber como aconteceu? Vamos ouvir a história...
Era uma vez um pequeno hipopótamo chamado Hipo, afundado em seu pântano, meditando. Ele não estava com o melhor dos humores. Para ser honesto, ele estava com um péssimo humor. Tão mal quanto pode ser. Pense: o céu estava nebuloso, pouco amigável e muito aborrecedor; a água estava cinzenta e turva; até a praia e as árvores estavam sem vida e pouco inspiradoras. Alem disso, o cheiro do pântano tambem não estava agradável ... Droga! Se voce fosse um hipopótamo tambem estaria aborrecido até as lágrimas!
O pequeno Hipo olhou em volta e percebeu que os outros hipopótamos estavam se divertindo. Comiam com grande apetite, tiravam um cochilo relaxante e comiam de novo. E pela vida que levavam, não podiam entender porque o pequeno Hipo estava tão triste. O que mais ele poderia querer da vida?
O pequeno Hipo achava que ele era diferente dos demais e este pensamento o preocupava ainda mais. Será que algo estava errado com ele? Talvez ele fosse um hipopótamo defeituoso? Ou quem sabe, ele estava apenas doente?
O pequeno Hipo gemeu, respirou fundo e começou a soprar bolhas. Elas eram grandes e cinzentas. Blub-blub-blub... Mas isto não o alegrou por muito tempo; antes que se desse conta, estava aborrecido novamente. Enfim, ninguem podia ver as bolhas que ele estava fazendo, ninguem para compartilhar sua brincadeira...
O pequeno Hipo deu outro gemido e mergulhou fundo na água. Mas isto tambem não adiantou e ele resolveu ir até a praia.
"Parece que eu vou ser sempre um hipopótamo triste e amargurado", ele estava pensando. E o dia continuou se arrastando, como numa aula chata e nada acontecia, nada mesmo. Imagine o mal estar - era terrível!
De repente ouviu-se uma alegre canção nas redondezas e o pequeno Hipo deu de cara com um pequeno Mico brincalhão.
"Ei, camarada! Que dia lindo, não acha?" exclamou o pequeno Mico.
"M-m-m-m..." o pequeno Hipo gemeu pela terceira vez. Voce sabe porque ele gemeu, certo? Certo, porque ele estava incrivelmente aborrecido! E o pequeno Hipo decidiu contar para o pequeno Mico que ele era, provavelmente, o hipopótamo mais miserável deste mundo.
O pequeno Mico balançou a cabeça, simpáticamente.
"Eu sei porque voce está aborrecido, voce está completamente só. O que voce realmente precisa é de um amigo!"
"Um amigo? Aonde posso encontrar um amigo? Não no meu pântano, isto é certo", o pequeno Hipo olhou para as aguas turvas, com dúvidas em seus olhos. "Talvez eu possa encontrar um numa loja, lá onde minha mãe compra comida e doces"?
"Não estou certo, mas duvido. Vamos olhar por aí, talvez alguem não quiz mais um amigo e o deixou em qualquer canto? Ou quem sabe perdeu um?"
"Perdeu um amigo?!" o pequeno Hipo estava tão chocado que soprou outra bolha. "Isso não pode ser! Um amigo é algo muito precioso!
E aí as pequenas criaturas sairam em busca de um amigo. Mas tinha um problema: eles não sabiam como era um amigo! Ele tem rabo? Sua pele é listrada? Ele é liso ou peludo? E aonde podemos encontrar este misterioso amigo?
Eles caminharam pela floresta mas não viram nada especial. Ou alguém especial, para ser mais preciso. Os adultos estavam todos ocupados com suas tarefas: alimentando suas crianças, preparando comida ou fazendo a limpeza.
"Eu já sabia", o pequeno Hipo estava ficando cada vez mais triste. "Eu serei sempre só. Nunca terei amigos!"
"Não seja tolo!" disse o pequeno Mico. "Nós ainda não olhamos em toda a floresta. Seu amigo pode estar bem perto. Vamos encontrá-lo, com certeza!".
Então o pequeno Hipo e o pequeno Mico continuaram procurando, vasculhando todas as tocas, batendo as moitas, subindo no alto dos morros e de lá de cima procurando, mas mesmo assim não conseguiam achar o que estavam procurando. Veja só!
Finalmente se sentaram em um tronco de árvore caído, extrememente desapontados. Os olhos do pequeno Hipo se encheram de lágrimas, poderosas e traiçoeiras lágrimas de hipopótamo e logo elas se tornaram caudalosas como uma enchente, ameaçando afogar toda a floresta.
"Eu lamento ter que dizer isto, mas as criaturas da floresta não estão preparadas para outra estação chuvosa", uma voz soou bem ao lado onde estavam. Era o velho vovô Porco Espinho. Todos na floresta sabiam como ele era muito sábio.
"Eu-eu-eu-eu n-nunca t-terei a-amigos!", soluçava o pequeno Hipo.
"Mas voce já tem um amigo!" disse o Porco Esipinho.
"Verdade?!" o pequeno Hipo parou imediatamente de chorar. "Mas aonde ele está?!"
"Ele está bem aí do seu lado", e o vovô riu. "E ele estava aí todo o tempo. Ele é o seu verdadeiro e real amigo".
"O Mico? Mas ele nem se parece comigo", o pequeno Hipo estava confuso. "Ele não é grande como eu, ele nem consegue soprar bolhas! Eu pensei que um amigo era algo muito grande e rosado, lindo e misterioso como uma gigantesca bolha colorida! Como um presente!".
"Claro, um amigo é o melhor presente do mundo", concordou o Porco Espinho. "Mas ele nem sempre parece como voce imagina. E em se tratando de amigos, a cor não tem a menor importância. Um amigo é alguém que pensa em voce, ajuda voce e se preocupa com voce, e que quer que voce seja feliz".
"Então eu sou o hipopótamo mais sortudo do mundo!", exclamou com alegria. "Obrigado Mico!"
As pequenas criaturas se sentaram na relva, seca pelos acariciantes raios do sol, admirando a floresta.
"Veja só como é maravilhosa!" falou o pequeno Hipo. "O céu esta claro e azul, os pássaros estão cantando e as flores exalam o seu maravilhoso perfume. Como pude não ver tudo isto antes?"
Até o seu pântano não mais parecia cinza e aborrecedor. Bem ao contrário, estava lindo, porque a vida de repente, havia se tornado fascinante e excitante. Afinal, agora o pequeno Hipo tinha um amigo!