COMO SAIR DAS QUEDAS


Mensagem enviada pelo Rav aos estudantes (grupo internacional): O estado de 'queda' e como sair dele

Em todos os seus artigos o Rabash escreve que a coisa mais importante é criar um estado, em que a grandeza do Criador seja a coisa mais importante do mundo para nós. No momento em que algo exterior entra em nossos pensamentos e desejos, nós precisamos imediatamente controlar todos os pensamentos e desejos (que nos são enviados) do nosso próprio modo, voltando-nos para a imaginação da grandeza do Criador, Sua singularidade, a conexão com Ele, e Suas ações.

Em qualquer situação na vida, imediatamente nós precisamos dizer: ‘Veja o que o Criador está fazendo comigo’, de modo a restaurar a conexão com o Um, com Aquele que está fazendo isto.

O que nos acontece é similar a um aprendizado e treinamento. Às vezes parece à pessoa que isto é assim: que é o fim do mundo, que não há saída, que o mundo ao redor é tão triste. Mas depois, aprendendo e praticando, nós vemos que não é assim, que são apenas exercícios, dados a nós pelo Alto, e que esses exercícios são muito específicos e totalmente justos. Nós só conseguimos compreender isto após algum tempo, e só então nós conseguimos avaliar o quanto era necessário esse treinamento, no nível que precede a correção.

Assim, tanto quanto possível, nós precisamos manter nosso caminho, apegando-nos constantemente ao Propósito para nosso avanço, mantendo nossa cabeça erguida. Se alguém recebe condições tais, em que ele vê que está indo para o fogo e não há nada que possa fazer quanto a isto, então isto é dado para que a pessoa compreenda que ela não é o mestre em coisa alguma.

Tais condições não podem ser evitadas, nem há como escapar delas, mas podem ser abreviadas, de modo que passem rápido e menos dolorosamente. Por isso nós devemos nos voltar para o grupo, para os amigos, para o trabalho comum, para estudar mais, ler e fazer tudo o que seja possível.

Se alguém deixa de sentir o Criador, isso não significa que esteja no estado de declínio. A pessoa precisa voltar-se ao livro, ao trabalho, ao grupo, e após algum tempo ela verá a melhora. Mas cada estado deve ser percebido como uma ascensão ao próximo nível. Se estiver na época da alma se corrigir, isto não pode ser evitado. Cada tentativa de escapar prolongará o sofrimento.

No declínio, a pessoa se identifica com o desejo de receber. Ela não sente o que faz, ela está imersa nesse desejo de receber, e este, está no completo controle. O poder do desejo de receber é simplesmente quando a pessoa e seu egoísmo, o desejo de receber, tornam-se uma única coisa. (Então) ela não pode nem mesmo sentir que isto é o desejo de receber; não compreende que isto é mau.

Um segundo de mal-estar, numa má condição, significa culpar o Criador pelo que Ele faz comigo e ao mundo à minha volta. Isso empurra a pessoa para longe do Criador, impede que ela entre no Mundo Superior. Vocês precisam fazer qualquer coisa para mudar sua atitude quanto a isto.

Está absolutamente errado esperar até cair completamente, de modo que mais tarde, possamos começar a subir. Esse é o caminho do sofrimento: esperar e sofrer! O caminho da Kabbalah é imediatamente, assim que você sentir que não está na conexão mais próxima possível com o Criador, definir essa condição como declínio e fazer todos os esforços para ascender.

É necessário agarrar imediatamente a possibilidade de ascensão; não é necessário permanecer em declínio por mais do que um segundo. No momento em que eu começo a experimentar a separação, mesmo uma porção minúscula, eu devo me reconectar imediatamente, e essa conexão será mais forte do que antes. As quedas não devem durar mais do que um segundo. Como dizia o Rabbi Zusha: ele tinha quatrocentas ascensões e quedas em dez minutos.

Vamos presumir que uma pessoa esteja num mau estado. Depois de chegar em casa, e sentir-se triste, vazio, aborrecido, aí é que começam todas as tarefas. O que fazer? Comece a sorrir, e a ação seguirá a mudança no pensamento e na intenção – você vai ver.

Comece a sorrir contra a sua vontade. Comece a dançar. Meu Professor costumava dançar. Ele costumava entrar nesses estados... Eu testemunhei isto; eu não podia acreditar que um Kabbalista fosse pensar em algo semelhante: há ocasiões em que ele não conseguia se levantar, mover um dedo. Ele se trancava numa sala e começava a dançar. Ele sabia dançar? Ele pulava no mesmo lugar – isso é uma dança? E assim ele saía desses estados. Por isso eu digo: sorriam. Comecem sorrindo, e seus pensamentos mudarão. Nós fazíamos esses exercícios com ele.

O que mais nos ajudava? Feche seus olhos. Você está se sentindo mal neste mundo; você não quer olhar para isso? Feche seus olhos. Mantenha seus olhos fechados por mais ou menos cinco, ou dez minutos. Quando você abrir os olhos, você verá que não há nada mal, afinal de contas. Por que? Um novo desejo apareceu, você compreendeu que você precisa de algo, que algo está faltando. Você mudou o desejo, você fez seu corpo pensar sobre mudar de desejo.

Você começou a ver, e você não via, antes. E você recebeu uma imagem completamente diferente. Quando a pessoa está sozinha, é possível forçar a si mesma a sair de condições que tais, por meios puramente psicológicos. Praticar esportes, nadar, qualquer coisa que você possa imaginar. Não permaneça num mau estado, nem mesmo por um minuto. Mas o meio mais eficaz é, definitivamente, o ambiente. Mude o ambiente.

Não esqueçam nem por um momento que a queda é necessária para a futura ascensão, e o desejo de receber aumenta para que possamos ir além dele. Vocês não podem ascender (elevar-se) a menos que primeiro caiam no nível mais baixo. E quando nós caímos nesse nível, nós percebemos que isso é um estado de espírito (a mood drop...), e que (esse nível) está totalmente sob o poder do desejo de receber.

É necessário sairmos desse estado de espírito decadente, abandonar os pensamentos que nos confundem e nos empurram para a separação – dizer a nós mesmos que nós não estamos sozinhos, e conectarmo-nos com o grupo, com os pensamentos do grupo; doarmo-nos ao grupo novamente, dedicarmo-nos ao grupo. Ou desligar nossa mente e começar a fazer algum trabalho pelo grupo: publicação de livros, disseminação, qualquer coisa, não importa o quê exatamente, há muito trabalho a ser feito. Faça isso sem pensar, como se você não sentisse nada, como se você tivesse tomado uma pílula que eliminasse a dor, que desligasse a sua mente. E fazendo assim, é possível sair desse estado rapidamente.

Não resmunguem para si mesmos, não se aprofundem nisto, e não permitam pensamentos críticos sobre esse assunto, nem analisem essas condições, que não têm nada a ver com o espiritual.
Congresso Outono 2003, Aula em 17 de Outubro

Em qualquer momento em que a pessoa sinta o mal, ele ou ela não avança, mas ao contrário, sobrecarrega-se, empurra-se para baixo. Desse modo, a pessoa desperdiça tempo e prolonga seu caminho. Nada de bom resulta disso. Se em vez de uma auto-análise sobre quem você é, o quanto você é mau etc., você puder tomar um drink com os amigos, fazer um lanche, e falar sobre o Propósito pelo menos um pouco (sobre quem você é, para o quê você existe), isso é muito mais eficaz que todos os seus sofrimentos, para não dizer mais agradável. Não esqueça isso.
Congresso Primavera 2004, Aula em 8 de Abril, "The Giving of Torah"

Quando uma pessoa cai, ela pára de sentir o Criador, Seu governo. A pessoa mergulha em sensações do que acontece com ela e com seu desejo de receber, em seu Kli de recepção. Então ela somente pode ser curada do mesmo modo que uma pessoa doente, quando outros tomam conta dela. Assim, se uma pessoa não está conectada ao Criador, somente as pessoas à sua volta podem tirá-la de sua condição de ‘morta’. As pessoas em volta podem dar à ‘pessoa doente’ meios que a ajudem a tornar-se ‘saudável’, e recuperar a conexão com o Criador.

O Rabash sempre disse que a diferença entre uma pessoa e um grupo é imensa. Para sair da queda ela deve trancar-se na sala, dançar e cantar ali. E é isso que o grande Cabalista costumava fazer – mesmo que as quedas pudessem ser muito profundas. Foi assim que o Rabbi Shimon caiu no estado chamado ‘Shimon do mercado’.

O grupo tem uma grande vantagem – ele nunca fica caído. É como participar de um círculo. Todos estão pulando para cima e para baixo – um está pulando para cima, o outro está descendo, e então vice-versa. Juntos, eles mantêm o nível comum que pode crescer constantemente. Quedas acontecem, mas são imediatamente compensadas pelas ascensões. Você está incluído em mim, eu estou incluído em você, e todos nós estamos no estado em que é vantajoso que cada um possa receber uma queda por um segundo e imediatamente obter ajuda dos outros.
Congresso Primavera 2003, Aula em 17 de Outubro.

Nós já dissemos que ‘um prisioneiro não se liberta da prisão sozinho’. Para que mais eu precisaria de um grupo, senão para me ajudar num momento difícil? A verdade é: eu não sou um herói. O grupo entra em cena em momentos assim – quando estamos caídos no chão. Então meus amigos precisam se aproximar de mim, me empurrar para fora, forçar-me, fazer-me voltar ao estudo, ou me trazer fisicamente para as aulas – em geral, fazer tudo que seja possível para me sacudir, me pressionar, até que esse período em mim tenha acabado. Eles não devem me excluir; eles precisam esperar até que isso passe. É muito simples. Em regra, o que puxa a pessoa de volta é um estudo intensivo, nem mesmo de artigos ou cartas, mas TES.

Quando uma pessoa está em ascensão, ela se empenha na circulação, mas quando ela está em queda, ela não é capaz disso. Mas o que faz a pessoa em seu trabalho normal, nas épocas de ascensões ou quedas? Ela continua a trabalhar? O mesmo se aplica aqui: a pessoa deve continuar seu trabalho. Ninguém lhe diz para pôr seu coração, sua alma nisso, para trabalhar além de seu próprio desejo. Ela precisa trabalhar usando suas mãos e pernas. Sua cabeça. Mecanicamente. Uma organização bem estruturada tem a vantagem de rapidamente tirar a pessoa de uma queda, e isso é porque a pessoa tem que realizar algum trabalho ali. A essência de uma organização bem estruturada é que cada pessoa, segundo suas habilidades, tempo, energia etc. esteja no lugar (cargo) em que ela possa promover circulação com mais eficácia. Fazendo assim, ela está se desenvolvendo do modo mais eficaz.

É o Criador que dá à pessoa as quedas e ascensões. Ele também precisa ajudar a pessoa a (lidar) com isso. Não importa em que espécie de estado meus amigos estejam. Isso não me impede de estar alerta. Como se eu estivesse no pelotão de ataque, eu preciso me preocupar somente com uma coisa: como salvar a todos. Outros cálculos se apresentam aqui – mas este, vem primeiro. Se eu começar a conferir os estados e propriedades dos outros, eu abandono aquilo de que fui incumbido.
Aula matinal, 25 de Outubro de 2004.

Como ajudar um amigo em declínio?

  1. Pense nele e peça (ao Criador) por sua recuperação.
  2. Escreva a ele sobre suas tentativas de cuidar dele.
  3. Peça que ele responda às suas questões sobre estudo ou outros problemas; procure interessá-lo em alguma coisa, mostra a ele que você precisa da sua ajuda.
  4. Dirija-se a ele; descreva para ele a grandeza do atributo de doação e a inferioridade de nosso estado atual; diga a ele que não há ninguém mais feliz na Terra do que uma pessoa que se liberta do pensamento sobre si mesma.
  5. Descreva para ele o quanto você aprecia sua contribuição para o grupo.
  6. Certifique-se de que cada pessoa sempre tenha uma responsabilidade no grupo (escrever, traduzir, ou outros tipos e trabalho; preferivelmente deve ser uma tarefa de responsabilidade, da qual os outros membros do grupo dependam).
  7. Pense menos em si mesmo. Boa sorte.
    Congresso Outono, 1º de Outubro de 2004: "Particular Governance of the Creator".

Não devemos aceitar a indiferença e o pesar, que nós recebemos com o propósito de que possamos compreender ainda melhor a importância do Propósito de dEle, na direção de Quem nós estamos indo. Isso é feito deliberadamente pelo Alto. Mais além, isso acontece de acordo com a lei que funciona entre aqueles que se amam: um deles quer ver se o outro o ama, e então age como se distanciasse, de modo a permitir ao outro que se aproxime, que expresse o seu amor. Sem obstáculos, sem a distância, a direção do estado de paixão não pode se desenvolver e crescer. Nós recebemos o fardo e a indiferença como uma oportunidade de aumentar nossa paixão pelo espiritual. Se nós os aceitarmos, isso significa que nós não usamos a oportunidade que nos foi dada. De que outro modo nós poderíamos avançar? Assim, ‘tudo o que estiver em suas mãos e em seu poder de fazer, faça!’ – apenas não aceite esses estados.
Aula matinal, 25 de Outubro de 2004.

Se alguém não sentir sua responsabilidade com relação a todos os demais, ela não terá a força para vencer todas as circunstâncias e obstáculos que se agravam. Somente se a pessoa compreende que, por não vencer (essas circunstâncias), ela faz com que todos os outros caiam; somente se ela não quiser isto, porque ela já experimenta um pouco do despertar; (somente se ela sentir) a responsabilidade por cooperar na garantia mútua com todos os demais – (somente por causa) desse sentimento ela receberá ajuda do Alto, que a cada ocasião, vai alterar seu estado. A pessoa receberá um despertar, uma mudança do Alto, somente se ela pensar sobre sua responsabilidade com relação ao grupo. Disso, ela extrairá forças.
Aula matinal, 25 de Outubro de 2004.

Onde quer que eu esteja, para onde quer que eu fuja como uma criança, guiada por toda espécie de desejos que despertam em mim a toda hora, o grupo pode me controlar e me dirigir constantemente. Nenhuma outra força pode sustentar uma pessoa. O grupo é como Ima Ilaya (a Mãe Superior), que eu construo. Estou construindo o Superior – este é o propósito. O propósito é atingir o Criador – construir a unidade das almas, o Kli para alcançar o propósito, e o Kli que recebe o propósito.