Descrição
Anthony Kosinec discute a ferramenta da percepção chamada “a Tela” que você pode adquirir através do método da Cabala, como usá-la, e que habilidade adicional ela pode dar a você.
Transcrição
Cabala Revelada #6
A Tela (Masach)
Palestra feita por Tony Kosinec para o canal americano Shalom TV
Anthony Kosinec
9 de Julho, 2006
Nesta lição nós vamos aprender sobre a ferramenta principal de realização na metodologia da Cabala. Nós vamos aprender sobre a construção de um sentido adicional, um sexto sentido que permite à pessoa sentir e adentrar uma Realidade Superior que chamamos de “espiritualidade”. Este é o método de como entrar nos Mundos Superiores.
Primeiro vamos dar uma rápida olhada no que aprendemos na lição passada.
Na última lição nós examinamos a criação da criatura em quatro fases e vimos que a criação começa com um Pensamento – o Pensamento do Criador, o Pensamento da Criação que é criar uma criatura e preencher esta criatura com deleite. E imediatamente, vemos uma resposta na criação, que é uma vontade de receber, que é a criatura.
A vontade de receber sente a Luz e tem uma sensação, não apenas do prazer direto, mas da qualidade da Luz, e por ser uma vontade de receber, ela quer receber este prazer. E como resultado disso, uma nova percepção, ou uma fase, ou um discernimento acontece, no qual ela percebe que o prazer vem de dar. Então, por ser uma vontade de receber e não poder dar, a única coisa que ela pode fazer é aceitar ou não aceitar a Luz.
Para se aproximar de dar, ela decide rejeitar a Luz. Neste vazio, um novo discernimento acontece, e ela descobre que a sua existência depende da recepção da Luz, que ela não pode existir nesta situação desagradável, e ela tem que aceitar uma porção da Luz. Mas ela decide que vai aceitar apenas uma pequena porção da Luz, porque ela teve uma percepção de que o Criador, a Força Criadora quer que ela receba. Então, ela aceita uma pequena porção baseada apenas na idéia de que ela vai aceitá-la porque é o desejo do Criador que isto aconteça. E aqui, nesta percepção, nesta fase dupla, ela entende que um aspecto ainda maior da Força que a criou é que ela deseja enchê-la de completo deleite.
E esta próxima fase aqui, esta quarta fase, é diferente das outras fases até esse ponto – não é uma ação feita pelo Criador, mas um desejo independente. Porém este desejo não é um desejo pelo prazer direto da Luz. Ela percebe aqui a estatura do Criador, e ela a quer. Ela percebe que é um recebedor, e como é diferente do Criador. E ao invés de querer o feito da criação, ela agora deseja a equivalência de forma, o alcance das qualidades do próprio Criador, o pensamento da criação.
Então, aqui é onde encontramos a criatura neste ponto. Ela fez uma restrição à maneira pela qual ela vai receber. Ela não vai mais receber por ela mesma. Ela determinou que vai alcançar qualidades completamente opostas à sua natureza.
Ela foi criada como uma vontade de receber, e ainda assim determina que vai encontrar um modo de se tornar como a qualidade oposta, a qualidade de dar.
[Tony desenhando]
Quando ela faz isto, se ela puder encontrar um modo de fazer isto, ela começa, então, a entrar e como que construir o sistema por ela mesma, um sistema de interação com vários graus de proporção entre a vontade de receber e a vontade de outorgar. E ela se eleva como resultado de ganhar uma equivalência de forma cada vez maior, se tornando cada vez mais como a coisa que ela quer se tornar. Ela se eleva através de um sistema chamado mundos, e estes mundos são um tipo de interação construída para a correção da criatura e para a correção do mundo como um todo.
Quando ela se eleva, ela alcança as qualidades interiores destes mundos, que são chamadas níveis da “alma” ou “Luzes”. Elas são Nefesh, Ruach, Neshama, Haya, e Yechida, até a criatura obter cada vez mais equivalência, sabedoria, capacidade, e alcançar uma aderente e completa equivalência de forma com o próprio Criador. Mas ela tem um problema, porque ela foi criada numa fase exatamente oposta; ela é apenas uma vontade de receber. É isto o que a criatura é; é isto o que somos nós. Então, como que ela pode se tornar algo totalmente oposto à sua natureza? Mesmo que ela saiba agora qual é o propósito da criação e o seu papel nela, ela parece estar bloqueada, presa. Não há nada que ela possa fazer, pois ela foi criada de um modo perfeito ela pode apenas usar esta ferramenta de recepção, e ainda assim ela deve usar a expansão das suas qualidades egoístas e recepção, e encontrar um meio de transformar isso em doação.
Nós aprendemos anteriormente também que nossos cinco sentidos são programados de tal forma que eles não nos permitem perceber nada sobre o Mundo Superior e alcançar a meta que a criatura tem agora. O que precisamos entender é que a programação que existe dentro dos cinco sentidos, que chamamos de “egoísmo”, é realmente uma intenção, é um pensamento, é um programa que diz “o que eu ganho com isso?” Então, não importa o que entra por estes cinco sentidos, ela só pode perceber coisas apenas em relação à vontade de receber, no entanto a qualidade acima dela é altruísmo, é doação.
Então doar também não é uma ação; é uma intenção. A fim de conseguirmos sentir isto – que nenhum dos sentidos consegue – nós temos que construir um programa diferente, um sentido baseado num programa similar ao que está do lado de fora dele. Este sexto sentido tem que ser um sentido criado a partir de uma intenção como esta. E é isto que é a tela. A tela é um sentido adicional que nos permite sentir nos termos do Mundo Espiritual.
A palavra “Cabala” significa recepção. Na verdade, mais precisamente, ela significa “como receber”, o modo apropriado de recepção.
O método da Cabala é completamente prático. Ele nos mostra precisamente como nós podemos pegar nossa natureza criada, que é a vontade de receber, e transformá-la num modo apropriado de recepção, um modo transformado, corrigido de recepção que se torna doação.
Agora mesmo, quando recebemos na vontade de receber, nós notamos que nossa experiência é extremamente limitada. A vontade de receber nunca consegue se satisfazer.
Digamos que há um desejo, um desejo por um pedaço de bolo, um lindo, maravilhoso bolo de morango com chantili e calda, e há uma necessidade, uma idéia, uma falta disto. Uma vez que nós recebemos este bolo e ele toca este desejo, o desejo é extinto; nós não podemos mais senti-lo. Ele não é permanente. Ele vive e depois morre.
A razão disso acontecer é porque o prazer somente é sentido no ponto de junção entre a necessidade e a sua satisfação. No momento que a satisfação vai além da necessidade, ele não pode mais ser sentido. E então o desejo morre. Mas o que a Cabala quer nos ensinar a fazer é encontrar o modo correto de receber, e esse modo é o que mesmo se houver algo que é desejado e satisfeito, que essa satisfação nunca irá embora; que o desejo vai se expandir e a satisfação vai se expandir. E quanto mais o desejo adentrar o Kli, maior será a satisfação. E isso somente pode acontecer se nós fizermos algo como nós vimos na fase dupla chamada “Behina Gimel,” na qual esta recepção é feita não para mim, mas é feita somente a fim de satisfazer o Pensamento da Criação. É feita para o Criador, de forma que esta recepção se torna uma forma de doação.
Como fazemos isso? Como podemos alcançar isso?
Baal HaSulam nos dá uma analogia, uma estória muito bonita e profunda sobre nossa situação e como superá-la. Na verdade, ela é profunda porque nos mostra a verdadeira natureza em que estamos algo que nós não notamos.
Existem dois amigos, e um amigo decide fazer um jantar para o seu caro amigo, e ele pensa em tudo que o seu amigo gosta. Ele pensa na comida que ele gosta, no vinho que ele gostaria, na quantidade de comida, no modo que a comida deveria estar disposta, na sensação que a sala deveria passar. Ele pensa o tempo todo no seu amigo, e cria uma refeição perfeita para ele.
O seu amigo chega, entra, e vê diante de si um banquete completo. E a sua primeira reação é querer comer tudo imediatamente porque, é claro, é exatamente o que ele queria. E então outro pensamento o alcança, que o seu amigo, o anfitrião, é o doador, e ele está preparado apenas para receber, e ele tem um sentimento de vergonha, porque ele percebe que o doador está diante dele.
Ele não vê apenas uma mesa cheia de coisas e ninguém ali; ele vê o seu amigo, e ele entende que seu amigo fez tudo para ele e ele está ali apenas para receber. E tomado pela vergonha, ele recusa receber.
Você sabe como é quando alguém te dá um grande presente ou alguma coisa que você não esperava. De repente você tem este tipo de reação que você não sabe de onde vem – “Não, eu não posso aceitar isso” – esta qualidade de vergonha, da percepção de ser o recebedor.
Ele não come, e o seu amigo, o anfitrião, diz a ele: “Você não entende; eu passei todo esse tempo só pensando em você, no que você gostaria, como nós desfrutaríamos isto juntos, e agora se você não aceitar o que eu te dei, esta refeição inteira estará arruinada para mim. Eu não receberei o prazer de vê-lo desfrutar disto.”
E então, o convidado percebe que nesta situação ele realmente tem o controle. Ele compreende que ele não é apenas um recebedor. Se ele conseguir perceber, enquanto ele come esta comida, que ele apenas o faz a fim de satisfazer o desejo do seu amigo, então ele não sente a vergonha, ele pode comer, ele pode ir em frente e experimentar, ele pode desfrutar. E ele deve desfrutar. Não é só porque ele come; ele tem que gostar porque o seu amigo fez isto por ele, o seu prazer virá apenas de ver a satisfação do convidado. Assim, nesta reação, na compreensão da natureza recíproca desta recepção, o convidado não apenas sente o prazer da comida, mas ele também entende o pensamento do anfitrião, pois agora ele está pensando a mesma coisa quanto ao anfitrião como o anfitrião estava pensando quanto a ele: “Eu faço isto para satisfazer completamente o meu amigo. Ele não poderia ser mais satisfeito do que com o fato de eu comer, porque este era todo o seu objetivo, então eu vou satisfazê-lo completamente através desta comida.”
Então com este milagre, que é a natureza de ser capaz de pegar o desejo de receber e transformá-lo no desejo de outorgar, no pensamento de outorgar, a ação não mudou, mas a ação interna mudou. A intenção por trás do por que do convidado ter recebido e desfrutado a comida faz da recepção uma doação. É assim que essa intenção de receber prazer a fim de outorgar ao anfitrião pode ser transformada em um sensor chamado “a tela”, e permite a pessoa, a criatura, a alcançar os níveis de outorga que são o Mundo Espiritual.
[Tony desenhando]
Aqui está a nossa vontade de receber, nosso vaso, nosso Kli. Agora, este Kli está cheio de desejos, está cheio de fome pela refeição. O que o criador, o Anfitrião quer dar à criatura existe do lado de fora em pensamentos de outorga. E a Luz sempre nos pressiona e quer nos preencher com cem por cento de deleite ilimitado, mas apenas no grau em que podemos receber a Luz nos seus termos, ou seja, através de doação, podemos permiti-la entrar no Kli, de outra forma nós não temos nenhuma sensação dela.
Agora aqui, a fim de ser capaz de desfrutar a refeição em termos de espiritualidade, a tela, que é uma intenção, é posicionada na entrada da nossa vontade de receber, o Kli. Esta intenção é não receber para mim mesmo. Uma vez que ela está lá, todas estas outras coisas podem começar a serem sentidas, elas podem começar a serem regulada, e nós podemos determinar qual vai ser a verdadeira experiência dentro da vontade de receber, dentro do Kli.
Então, a primeira coisa que nós sentimos na refeição atinge a tela. Agora, se a criatura pode aceitar essa quantidade apenas a fim de agradar o anfitrião – talvez ela a experimente como o aperitivo da refeição, como uma sopa – se ela pode manter essa intenção “não para mim”, a fazê-lo apenas para o anfitrião, então a porção de Luz entra no Kli, e não apenas a porção do gosto e deleite que deve ser satisfeito, mas também a sensação, a intenção do anfitrião em dar essa coisa para a criatura.
Então vinte por cento dela vai entrar, digamos, neste primeiro quinto do estômago, e o resto vai ser rejeitado – não que o prazer não seja sentido, é apenas que um prazer maior toma o lugar de um prazer menor; ele é eclipsado. O Kli não se importa com ele. A única coisa para a qual ele dá atenção é aquilo que ele valoriza, que é o Pensamento do Criador. Então oitenta por cento desta vontade não será sentida; somente vinte por cento será percebido. Agora se uma quantidade adicional pode ser aceita a fim de satisfazer o Pensamento do Anfitrião, então quarenta por cento preenche e apenas sessenta por cento é rejeitado.
Agora o que acontece aqui é que a Luz do Criador, ou seja, o Pensamento, o nível de realização de similaridade dentro do próprio Kli, dentro da criatura, essa parte da criatura se torna como o Criador, começa a crescer. Este é meio pelo qual nós criamos uma alma. E então aqui, esta primeira Luz, que foi chamado de primeiros vinte por cento, é a Luz de Nefesh – o primeiro nível da alma.
[Tony aponta ao desenho]
Aqui, se esta intenção corresponde à intenção do Criador na sua doação, um segundo nível, Ruach, entra no Kli. Isto não é apenas conhecimento, isto não é uma coisa intellectual, isto é, na verdade, semelhança de forma com o Criador. Ou seja, o que está dentro do Kli é uma percepção direta do que existe fora do Kli. Este sexto sentido agora está dizendo à pessoa o que este objeto espiritual é de verdade; não que ele é sopa ou que ele é salada, mas que ele é um Pensamento na intenção do Criador em relação a toda a criação.
[Tony desenhando]
E quando isto continua a crescer, onde agora sessenta por cento se torna preenchido, e somente quarenta por cento não é sentido, uma nova Luz entra. Esta luz se chama “Neshama,” ou seja, uma compreensão mais profunda do Pensamento do Criador, uma maior semelhança, e em termos de nossa fome, nós passamos do prato principal, e aceitamos para agradar o anfitrião, até que finalmente chegamos à sobremesa e ao licor, e chegamos ao nível de Haya e Yechida.
E aqui, a criatura alcançou completa semelhança de forma com o Criador porque ela instituiu o seu próprio Pensamento da Criação. Ela tem um desejo independente que não depende de deleites externos, mas apenas do pensamento da criatura de fazer algo igual ao Pensamento do Criador. Então, fazendo isto, a criatura se eleva, através de todos os cento e vinte e cinco passos que, aliás, são todos feitos de Partzufim (faces), que são exatamente este processo.
[Tony desenhando]
Então aqui, o que uma pessoa forma se chama “Rosh” (cabeça), e aqui, Guf (corpo). E por ter um Rosh, o que isso significa é que através de um desejo independente, a criatura agora pode determinar o que a realidade dentro do vaso será, a qualidade do seu mundo, a qualidade do deleite, e tudo é feito para o bem da vida como um todo, e não para mim mesmo.
É assim que Rav Laitman resume isto:
Nós recebemos desejos espirituais do Alto. Para senti-los, nós precisamos de um sentido especial chamado “tela”.
No momento em que o homem adquire este sentido, ele começa a sentir prazer através dele. O prazer é chamado de Luz Suprema. Ela adentra nosso desejo de desfrutá-la através da tela.
O desejo de desfrutar a Luz Suprema é chamado “alma.” A Luz como a fonte do prazer não é sentida a não ser que o homem adquira um senso adicional capaz de captá-la.
Todos os componentes: a Luz (prazer), a tela (meio de recepção), e a alma (recebedor) não são de maneira alguma conectadas ao corpo físico. Por isso, não importa se o homem tem um corpo ou não.
No momento em que o homem estabelece contato com a Luz Suprema, ele começa a corrigir a si mesmo para ser preenchido dela. A gradual assemelhação das suas propriedades à Luz, e consequente preenchimento com ela, é chamado de ascensão espiritual.
O corpo é apenas um meio para o avanço espiritual processo excitante, de outra forma ele não seria de nenhum interesse.
Um pequeno prazer não pode ser sentido de maneira alguma em comparação a um grande deleite: o deleite maior o suprime.
Portanto, apesar de um Cabalista viver no mesmo mundo que nós, ele na verdade já está no mundo espiritual.
Até a próxima.
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