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"Cabala Revelada" Episódio 11: Livre Arbítrio, Parte 2

 Descrição

Baal HaSulam, em seu artigo "A Liberdade" descreve a estrutura do nosso "Eu" como integrada por quatro fatores que determinam as nossas caractrísticas e o nosso comportamento a partir de nossos genes e do nosso ambiente.

Transcrição

Cabala Revelada #11:
Livre Arbítrio, Parte 2

Palestra feita para o canal de televisão americano, Shalom TV
Anthony Kosinec

Olá novamente e bem vindo à Cabala Revelada. Eu sou Tony Kosinec.

Nós vamos continuar a focar no nosso livre-arbítrio. Em nossa última lição o abordamos sob o ponto de vista da experiência de uma pessoa neste mundo e tentamos encontrar o ponto onde nós realmente teríamos alguma liberdade de escolha, e descobrimos que de fato existimos em um sistema pré-estabelecido, e que a nossa sensação de livre-arbítrio consiste realmente na nossa falta de conhecimento sobre as forças que determinam e guiam os acontecimentos em nossas vidas.

Enquanto em um tribunal humano é possível apelar para o juiz e alegar que você não conhece a lei e, talvez, o juiz possa dar-lhe uma compensação, quando se trata de leis da Natureza, não há exceção. As leis da Natureza funcionam quer as conheçamos ou não.

Sendo este o caso, logo é melhor descobrir o que essas leis realmente são, como funcionam, como os acontecimentos são guiados, o que é predeterminado neste sistema. Assim que tomarmos conhecimento delas, então nós poderemos buscar por esse ponto de escolha, e ver se há uma maneira possível de influenciar o sistema, para guiá-lo em direção ao que poderíamos chamar de "liberdade", algo que seria uma escolha real. Portanto, vamos focar nas leis.

Baal HaSulam escreveu um artigo chamado “A Liberdade”. Ele o escreveu no início do século XX. Este artigo explica como toda forma que vemos em nossa realidade tem a sua origem no instante da criação. Desse ponto em diante, ela se desenvolve por meio de quatro componentes, e esses componentes a têm trazido para a forma que vemos agora, e vai conduzi-la eventualmente à sua perfeição. Ele explica as leis e as forças que atuam sobre tudo na criação e revela onde existe o ponto de liberdade.

Vamos dar uma olhada no artigo. Ele começa o artigo com uma citação de Midrash Shemot Raba, 41

"Esculpido (Harut) sobre as pedras." Não pronunciá-lo "esculpido" (Harut), mas sim "liberdade" (Herut). Para mostrar que eles estão livres do anjo da morte.

Esta é uma afirmação curiosa. Por que ele inicia este artigo inteiro sobre a "liberdade" falando sobre a derrota do anjo da morte? É porque ele está analisando a força de desenvolvimento e as leis da natureza não apenas no nível físico, mas como eles se aplicam a todos os níveis, ou seja, a toda a nossa realidade. Ele está mostrando, neste artigo, que os mesmos princípios que atuam sobre os níveis inferiores da Natureza também atuam em níveis mais elevados. E só quando estamos conectados a eles, e compreendemos seu nível de origem, é que podemos começar a vislumbrar o que vida e morte realmente são. Para apreciar o escopo completo do que Baal HaSulam está falando neste artigo, precisamos saber algo sobre a natureza das formas no nível mais elevado de existência.

Os Cabalistas nos dizem que todas as gerações que existiram no mundo são, na realidade, a mesma geração, ou seja, eles são a mesma alma - e esta progressão a que chamamos de "vida ou morte", é apenas uma mudança de disfarce da essência da alma, que é uma alma coletiva. Isto significa que o corpo pode ir e vir, mas que não tem qualquer efeito sobre o que está sendo disfarçado, aquela essência da alma - e que nós progredimos ao longo de nossa vida, que consiste de milhares de anos.

[Tony desenha]

Em outras palavras, a alma coletiva de Adam ha Rishon foi criada como um coletivo, desceu a este mundo no tempo e no espaço, e então começou o seu desenvolvimento, experimentando a sua busca pela liberdade e por satisfação através da realização de desejos, e experimentou a si mesma como um bando de indivíduos não relacionados entre si. Então, uma vez que não alcançou seu objetivo de liberdade, moveu-se para outra fase e voltou como uma geração de indivíduos aparentemente trabalhando para encontrar a liberdade através da realização deste desejo: [Tony desenha] riqueza; e assim por diante, passando pelo que chamamos de história, passando pelo ponto da destruição do segundo templo, onde estava escondida a Cabala, e onde se exercia o poder e honra. E então, passando pelo ponto onde estamos agora, que é o ponto de 1995, quando a Cabala deixa de permanecer escondida, e nós entramos em um período de correção coletiva. Isto é, pela primeira vez somos capazes de sentir-nos como aquele coletivo, como o que realmente somos, como a nossa fonte.

Deste ponto em diante, nosso desenvolvimento tem que estar de acordo com moldes da nossa essência real: para chegar a este desejo, não por conhecimento, mas pela espiritualidade.

Isto é o que Baal HaSulam explica-nos ao focar em um exemplo específico da natureza.

Ele usa o exemplo da semente em um talo de trigo. Ele diz-nos que o nosso "eu", isto é, que o ser humano, consiste geralmente de quatro fatores:

  1. A cama
  2. A conduta de causa e efeito, relacionada ao atributo da própria cama, que permanece inalterado.
  3. A causa e efeito internas, que se alteram como resultado do contato com forças alienígenas.
  4. A causa e efeito da ação das forças alienígenas sobre ele, completamente a partir do exterior.

Ele explica desta forma:

A) A "cama" significa o primeiro aspecto relacionado com esse ser. Pois que "não há nada de novo debaixo do sol", e qualquer evento que ocorrerá em nosso mundo, não é a existência da ausência, mas sim a existência de existência. É uma entidade que se despiu da sua forma antiga, e assumiu uma outra, diferente da primeira, e essa entidade é considerada a "cama". Nela reside a força destinada a ser revelada e determinada no final da formação desse brotar. Por isso, é certamente considerada como sua causa primária.

Este primeiro fator é chamado de "base". Chama-se "Matza." Ela é o material básico e essencial do qual nós fomos criados. Este foi dado a nós pelo Criador, ele é instalado em nós, e define a nossa essência inteira. É algo que o Criador fez a partir do nada, é a existência de não-existência, algo do nada.

Este é o nosso primeiro material e foi criado antes daquilo que pudemos perceber como nós mesmos. Baal HaSulam usa a analogia de uma semente, porque só podemos realmente compreender um processo, se pudermos observá-lo usando nossa mente e os sentidos do Alto. Sabemos que podemos tomar uma semente e que podemos causar sua "morte", por assim dizer, a sua decomposição, colocando-a no solo, situação em que ela se decomporá completamente, se tornará pó, perderá a sua vida e sua forma, a forma que tinha. Mas, no final de sua decomposição, torna-se então uma outra forma de vida. Essa essência, essa Matza ou base, que é pura informação, é transferida daquela semente para a nova forma, e a nova forma se constituirá num talo de trigo. Assim, vemos que a essência não é controlada de forma alguma pela casca, pelo invólucro. É algo que pode vestir-se ou despir-se de novas formas de vida. Agora, se podemos começar a observar aquele mesmo sistema operando em relação ao nosso nível, então nós conseguimos observar o que está ocorrendo e ter a capacidade de direcionar o que está ocorrendo, podendo ser capazes de encontrar um ponto pelo qual realmente obtemos algum tipo de escolha no processo.

Neste contexto, o Matza consiste na origem e na mentalidade de todos os nossos antepassados. Isto é, suas qualidades mentais, mais todo o seu conhecimento acumulado. Estes serão sentidos em nós na nossa nova forma de vida como tendências inconscientes; começam assim. Eles podem ser expressos de maneira positiva ou negativa - dependendo do desenvolvimento necessário daquela próxima fase da vida -, e consistem de nossas próprias qualidades mentais, emocionais, além de qualidades físicas. Esta base não pode ser afetada por nós de nenhuma forma. Ela é criada antes de nós e não temos nenhuma influência sobre ela.

Baal HaSulam continua a ensinar sobre o segundo fator:

B) É uma conduta de causa e efeito que está relacionada ao atributo da própria cama, que não muda. Tomemos, por exemplo, uma haste de trigo que apodrece no solo, como resultado do crescimento de muitos talos de trigo. Neste caso, essa fase de apodrecimento é considerada a "cama ". Significando que a essência do trigo se despiu da sua forma antiga, que é a forma de trigo, e assumiu a forma de trigo podre, que é a semente, que é chamada "cama", que agora está despojada de qualquer forma. Agora, depois de apodrecer no solo, tornou-se digna de vestir-se com outra forma, que é a forma de muitos talos de trigo, destinados a crescer a partir dessa cama, que é a semente.

E é do conhecimento de todos que esta cama não está destinada a se tornar nem outro cereal nem aveia, mas só pode ser comparada à sua forma anterior, que foi agora despida, sendo o único caule de trigo. E embora ele se transforme em um certo grau, tanto em qualidade e quantidade, pois na forma anterior, havia apenas uma haste, e agora há dez ou vinte caules, e no sabor e aparência também, ainda assim a essência da forma do trigo permanece inalterada. Assim, há uma conduta de causa e efeito, assinalada ao atributo da própria cama, que nunca muda, que outro cereal nunca surgirá de trigo, como temos dito. Isso é chamado o segundo fator.

Como podemos entender isso melhor?

[Tony desenha]

Aqui nós temos o primeiro elemento, a Matza, a essência da criação ou da forma. Dentro da Matza, temos essas qualidades que compõem a sua essência, as que continuarão a ser incorporadas em novas formas de vida. Este é o primeiro fator, a base, este é o número 1.

Ao seu redor, está o que ele chama de "o segundo fator" ou a "conduta de causa e efeito que está relacionada ao atributo da própria cama." O que isto significa é que existe um programa que está relacionado apenas às qualidades interiores da essência da base. É como um programa de computador e é destinado diretamente a essas qualidades dentro da essência, e este programa é um programa de desenvolvimento, de modo que ele é, na verdade, parte do aspecto pré-determinado de uma forma. Isso também é algo que não pode ser afetado, em absoluto. É um sistema fixo e é projetado para trabalhar com precisão sobre o desenvolvimento dessas qualidades dentro da essência. Este é o segundo fator. Como o primeiro, não podemos influenciar estas circunstâncias. Elas são determinadas pelo Criador. A criação e a gerência destes dois níveis são completas e totais. E essa essência, através do efeito deste programa, será conduzida por meio do seu desenvolvimento integral através do tempo, espaço e tudo o que houver para desenvolvê-la à sua perfeição final.

Os próximos dois fatores, o terceiro e o quarto, são exteriores ao que acabamos de ver aqui, exteriores à alma. Eles nos pressionam, desenvolvendo-nos de uma maneira que achamos que é contra a nossa vontade.

Baal HaSulam continua.

O terceiro fator: Causa e Efeito Internos

É o comportamento de causa e efeito interiores da cama que muda ao se deparar com as forças alienígenas de seu ambiente. Significando que nós descobrimos que a partir de um caule de trigo, que apodrece no solo, emergem muitos caules, algumas vezes maiores ou melhores do que eram antes da semeadura.

Portanto, devem haver outros fatores envolvidos aqui, que têm colaborado com as forças ocultas do ambiente, significando a "cama". E por causa disso, as adições de qualidade e quantidade, que eram ausentes na forma anterior de trigo, tornaram-se agora aparentes. Estes são os minerais e os materiais no chão, a chuva e o sol. Todos eles atuam sobre ele através da atribuição de suas forças e unindo-se com a força da cama em si, que, através da causa e efeito, produziram a multiplicação da quantidade e da qualidade nesse surgimento.

Devemos entender que este terceiro fator une-se com a internalidade da cama, porque a força escondida na cama os controla.

Isso significa que o seu efeito só é sentido porque resvala em alguma coisa no programa interior e na qualidade em si. Ou seja, se você faz a mesma coisa, digamos da água e do vento sobre uma pedra, ao contrário de uma planta, ele nada produziria. Ele tem que estar relacionado, o efeito à causa, de acordo com as qualidades interiores. Assim, ainda há especificidades extremas nos efeitos externos à alma, que estão relacionadas diretamente a ela.

Que, finalmente, essas mudanças todas pertencem ao trigo e a nenhuma outra planta. Portanto, nós as determinamos como fatores internos. No entanto, eles diferem do segundo fator, imutável em todos os aspectos, enquanto que o terceiro fator pode mudar na qualidade e quantidade.

Este terceiro fator, o externo, pode afetar o desenvolvimento de uma forma parcial. Ele não afeta a essência. Ele só afeta a qualidade, irá desenvolver-se em um bom ou em um mau caminho de acordo com coisas que o rodeiam, que exercem influência sobre o programa de desenvolvimento.

Em outras palavras, você pode criar uma experiência em que você coloca duas sementes no solo, uma em uma área onde não havia sol e nem água suficiente, e uma em situação privilegiada - onde havia abundância de sol, de água, a temperatura certa, terra boa - e o que você observará? Você ainda vai ver a mesma planta em crescimento, ainda será trigo, mas ele será trigo bom ou trigo ruim, ou fornecerá muitos ou poucos caules. Este é o terceiro fator.

[Tony desenha]

As forças externas, ou as forças alienígenas que combinam com a essência e seu programa. [A causa e efeito internos que mudam, como resultado do contato com forças alheias]. Assim, podemos ter essas forças do tempo e do sol e de sais minerais, e assim por diante. E estas novamente são dirigidas ao programa. Assim, isso afeta o quão bem o programa vai atuar na base. Este é o três.

Este é exterior à alma. Considera-se como uma força alienígena, algo contra a nossa vontade, mas, nós não podemos determinar quais são as forças que estão agindo neste programa. Certas forças melhoram o programa, outras não têm nenhum efeito sobre ele. Em outras palavras, não temos qualquer controle direto sobre este terceiro fator também.

O quarto fator:

D) É um comportamento de causa e efeito provocado por fatores alheios, que agem sobre ele de fora. O que significa que eles não têm uma relação direta com o trigo, como os minerais, ou a chuva ou o sol; mas a fatores que lhe são estranhos, tais como plantas próximas, ou de eventos externos, como o granizo, vento, etc.

E você descobre que quatro fatores se combinam com o trigo ao longo do seu crescimento. E cada situação particular a que o trigo está sujeito durante esse tempo torna-se condicionada pelos quatro. Que a qualidade e a quantidade de cada estado são determinadas por eles. E como já retratado no trigo, esta é a regra em todos os surgimentos no mundo, mesmo em pensamentos e idéias.

Toda a cadeia de transformação do alcançar da liberdade é destinada a ocorrer pelo pensamento da criação dentro de uma vida inteira, e isso é chamado de "o fim da correção". E até que isto ocorra, encontramo-nos a exercitar o nosso desenvolvimento, voltando ao que nós chamamamos de "uma experiência física".

Isso tudo é pré-determinado para nós. Há somente uma coisa que nós podemos mudar em todo este sistema, que é a velocidade do desenvolvimento, de modo que possa ser alcançado no tempo de uma vida.

[Tony desenha]

Este quarto fator é a única coisa sobre a qual temos influência. Ou seja, todo o sistema de desenvolvimento pré-determinado [A causa e efeito das forças alheias, agindo sobre ele de fora] é efetuado pelo local, o ambiente em que ela ocorre. Assim, uma pessoa pode apresentar primeiro e segundo fatores muito negativos ou fracos; todavia, colocando esses fatores, este sistema de desenvolvimento e sua essência no ambiente adequado, a qualidade do desenvolvimento pode ser reforçada e a sua velocidade aumentada enormemente.

Este é o nosso único e pequeno espaço de liberdade. É pequeno, mas seu efeito é enorme.

Então o que é que está em desenvolvimento por esses quatro fatores no nível humano? É apenas a intenção, é pensamento. Como podemos ser responsáveis por coisas sobre as quais não temos controle? Nossos pensamentos e ações iniciais não estão sob nosso controle, só a nossa capacidade de escolher um ambiente.

Quando isso se torna importante? No momento em que o ponto no coração aparece dentro da alma de uma pessoa. Então, o Criador pega essa pessoa e a coloca em um ambiente que permita que todos estes fatores dentro da alma se desenvolvam à perfeição. E este ambiente deve ser um ambiente no nível humano. Ou seja, ele deve ser constituído de pensamento e intenção. Portanto, o ambiente correto, a única coisa que uma pessoa tem que fazer para escolhê-lo, é escolher direito os pensamentos, ou seja, o mapa correto da realidade e o curso para a sua realização. Isto é, os livros corretos.

Uma pessoa precisa do grupo correto de amigos, aqueles que têm exatamente o mesmo desejo de cumprir o seu desenvolvimento no tempo de uma vida, de acordo com o pensamento correto, e um guia que lhes dará o método correto para que possam seguir adiante.

Quando o ponto no coração aparece, o Criador traz a pessoa a esse ambiente, feito dessas forças e fatores que permitem que a alma complete a sua transformação em uma vida inteira.

Junte-se a nós novamente, quando avançaremos no estudo dos livros corretos, do método correto. Até lá.