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"Cabala Revelada" Episódio 14: Revelação e Ocultação

Descrição

No processo de estudo da Cabala, o indivíduo atravessa diversos estados de revelação e ocultação do Criador. Anthony Kosinec comenta o artigo de Baal HaSulam "A Revelação e a Ocultação do Criador", que descreve estes estados, explicando a importância do estudo em grupo.

Transcrição

Cabala Revelada #14

Revelação e Ocultação



Palestra feita por Tony Kosinec para o canal americano Shalom TV
Anthony Kosinec

Olá novamente e bem-vindo à Kabbalah Revelada. Eu sou Tony Kosinec.

Você nos ouviu diversas vezes falar sobre a escada de ascensão de nossas presentes percepções, percepção limitada da realidade, até o final dos 125 níveis, até que a pessoa atinja equivalência de forma com o Criador. Não podemos explicar cada um destes passos, mas é importante que se saiba de uma forma geral qual o objetivo da pessoa, para onde devemos ir. em que, na realidade, consiste o atingimento.

Baal HaSulam, em sua Introdução ao Estudo das Dez Sefirot (esferas), cobriu várias importantes e fundamentais informações. Uma das coisas mencionadas por ele diz que um homem pode estar certo de que ele atingirá esta percepção elevada. Ele divide isto em cinco estados e, dentro deste cinco estados, existem vários níveis, o que nos leva aos 125 que são mencionados sobre a escada.

Vamos dar uma olhada no que uma pessoa pode esperar vivenciar e, ao fazê-lo também seremos capazes de ver algo sobre um componente muito importante no estudo da Cabala, isto é, por que os Cabalistas estudam em um grupo, onde isto existe no caminho, por que deve ser assim e como isto nos ajuda a atingir os estados aqui descritos.

Aqui estão eles, distribuídos em um gráfico [Tony referindo-se a um gráfico como seguinte layout: dupla ocultação, ocultação simples | correção, primeira revelação, segunda revelação.] Aqui estão os estados pelos quais nós passamos em nosso caminho de volta às origens de nossa alma.

No mundo físico encontramos dois grandes estados: dupla ocultação e, então, quando passamos por ela, ocultação simples. No fim deste estado, há a barreira entre os mundos físico e espiritual, sendo que o primeiro estado que encontramos no mundo espiritual é o estado de correção.

Vou explicar isto a vocês. Após passarmos por isso, descobrimos uma primeira revelação – um grande nível de contato com a natureza do Criador – e então, finalmente, a segunda revelação – a conclusão do caminho alcançando a equivalência de forma com o Criador.

Vamos entender do que consiste a dupla ocultação. Baal HaSulam descreve desta forma:

Dupla ocultação é ocultação dentro da ocultação. Neste estado a pessoa sequer sente o lado oposto do Criador; não pode perceber nada como vindo D’Ele. Sente que o Criador o abandonou, desconsidera-o completamente, atribui sofrimento ao destino e ao acaso da natureza. Ao estar confuso em relação à atitude do Criador para consigo, o homem perde a fé.

Não estamos falando de alguém que não está neste camiho. Este não é o estado do mundo em geral ou das massas para quem a realidade do Criador não existe para elas como algo tangível ou que as motive. Trata-se, sim, sobre alguém que se encontra em um tipo de estado inconsciente em relação a este desejo mas ainda acha que sua vida e seu direcionamento estão se estruturando em um desejo de realmente entender por que as coisas acontecem com ela da maneira como ocorrem. De forma que a pessoa sinta que há um Criador, mas que ela se encontra abandonada – isto já é um relacionamento e um princípio de desejo. Por isso chamamos de “princípio de um caminho”. E é dito que ela “perde a fé”. Baal HaSulam descreve como é importante esta experiência para a pessoa.

Quando alguém reza sobre seus percalços e faz boas ações, e não recebe resposta. Depois que ela para de rezar, subitamente recebe uma resposta.

Isto é, ela está tentando manter uma relação com o Criador mas está baseado em seu entendimento confuso. Ela faz um moviento em direção ao Criador. “Assim que ela para de rezar, de repente recebe uma resposta”. Assim, em sua primeira ação, de acordo com seu entendimento, nada, o Criador não está lá, “me abandonou.” Quando ela para, começa a sentir-se confortável em seu desejo de receber. Recebe uma resposta. Em outras palavras, o sofrimento que ela tinha é como que mitigado pelo fato de estar recebendo auto-satisfação. Ele diz, então:

Assim que a pessoa começa a acredir na Divina Providência e corrige suas ações é impiedosamente jogada para trás.

À medida que ela progride no caminho, as repostas sentidas de Cima são de completa rejeição, isto é, uma perda de fé. E esta é uma força que acontece em direção a uma pessoa que quer estar no caminho mas é como ela sente e a medida que ela deixa de acreditar e comete maus atos, a sorte vem a seu encontro e ela sente-se em paz. Ganha dinheiro por caminhos tortuosos.

Em outras palavras, quando ela inicia em suas dúvidas, olha à sua volta e vê “sim, você sabe, o mundo físico e meu tipo de bem-estar… é assim que deve ser, é onde está minha satisfação”.

E ela percebe as pessoas que aspiram ao Criador como pobres, doentes, preteridas, não civilizadas e hipócritas estúpidas.

Por que? Porque em seu Kli, em sua percepção, eles são loucos. Sua experiência acaba de lhe demonstrar que não há nada lá; aquilo não é realidade, são sonhos, vamos cair na real.

Aqueles que não vão em busca do Criador parecem ser prósperos, saudáveis, calmos, espertos, bondosos, amáveis e confiantes.

Ela vê que que as pessoas que não buscam este caminho que ela vinha perseguindo têm uma boa vida; ela as percebe como alegres, e isto torna-se a escora de sua realidade.

Este é o nível chamado “dupla ocultação” em função dos múltiplos aspectos de ocultação do Criador a esta pessoa, tanto em função das ações que estão ou não estão ocorrendo na vida da pessoa, o desejo de encontrar com o Criador e o fato de que são jogados para trás, de volta, e não conseguem sentir o Criador; embora o Criador seja o causador disto, a pessoa fica confusa acreditando que a fonte de seus problemas deve-se às pessoas à sua volta, ela mesmo, à sociedade, todo este tipo de coisas. E ela também não entende o porquê disto estar acontecendo. Assim, o Criador está oculto para ela e seus sentidos por duas telas, por dois véus.

Este é o período no qual a pessoa reencarna. Ou seja, tudo que acontece, acontece no nível físico e todo seu desenvolvimento é inconsciente, mesmo que ela esteja tentando seguir o caminho.

Quando a pessoa passa por isso e, finalmente, passa por estes estágios até o ponto onde começa a perceber algo mais, ou seja, a Força Superior guia-a através deste processo, através de evolução inconsciente e encarnações físicas, até uma encarnação onde irão, agora, começar a trabalhar com um método que lhes permitirá realmente entrar na espiritualidade e remover um dos véus. Baal HaSulam descreve este estado, chamado de “ocultação simples” desta maneira:

O Criador está oculto, i.e., Ele se manifesta não como absoluta bondade mas como aquele que traz sofrimento.

Em outras palavras, a pessoa tem certeza de que tudo que acontece em sua vida é de autoria do Criador, mas tudo que consegue sentir do Criador em relação a seu caminho é que Ele lhe traz um vazio, ao qual ela denomina “sofrimento”. Assim, ela não entende a intenção do Criador, embora Sua autoridade seja clara.

A pessoa parece ver o lado oposto do Criador, a partir do momento em que ela apenas recebe sofrimento D’Ele. Ela, entretanto, acredita que tudo que lhe é imposto tem uma razão, que o Criador a trata desta forma para puní-la por suas más ações ou levá-la ao bem-estar. Assim ela reforça sua fé na supervisão do Criador.

Ela não sabe – isto veio para mim para me levar adiante ou para me punir em função de minhas atitudes, meus pecados? É aqui que se estabelece a confusão. Ela não entende as atitudes do Criador nas coisas que ocorrem.

A descrição mais profunda, como a realidade pessoal é construída, é isso…

A pessoa é pobre, doente e desconsiderada por seus semelhantes. Ela é ansiosa e nada parece ir bem em sua vida.

Ela agora vê que sua situação não é tão boa quanto à das pessoas à sua volta, ou seja, à medida que ela vê pessoas em dupla ocultação – onde ela mesmo constantemente se viu em falta de alguma coisa, acredita que ela não se relaciona com as pessoas da mesma forma, nada funciona em razão de seu desejo primário de se conectar ao Criador ser muito confuso.

[Tony desenhando]

Isto é o que encontramos quando as pessoas conseguem satisfazer os 5 primeiros desejos, que é o que acontece inconscientemente na dupla ocultação. È quando aparece o “ponto no coração”, e é também quando a pessoa descobre a Cabala. Isto é, descobre que há um método de se conectar diretamente com o Criador e entendê-Lo. Assim, a pessoa é exposta, parecendo, talvez só por acaso, ela liga a televisão e assiste um programa sobre Cabala e seu “ponto no coração” começa a pulsar, ou vai a uma palestra, ou apanha um livro na livraria e começa a ter informações, começando a aprender o método.

Este é chamado de um período de preparação porque neste período a pessoa faz o tipo de mudanças internas que são conscientes. Começa a evoluir, tanto usando o mapa da realidade, o seja, os livros e o método correto que é ter um professor que está na espiritualidade, um Cabalista que já está no mundo espiritual e possa guiar a pessoa dizendo “um pouco à esquerda, um pouco à direita, este é o caminho a seguir, assim que se usa os livros”.

Há, ainda, outro componente, muito, muito importante que a pessoa deve possuir de forma a realmente ver como o método funciona. Mas vou lhes falar sobre isso mais tarde, assim que vocês vejam o que há no resto do mapa quando então vocês verão o porquê disso.

Quando uma pessoa realmente completa este método de preparação e atravessa a barreira para o mundo espiritual, entra em um estado chamado “estado de correção”. É quando ela deixa de ficar confusa sobre se tem ou não uma sensação direta do Criador, e começa a trabalhar na correção dos desejos, isto é, os 613, 620 desejos (Mitzvot), tornam-se corrigidos através de uma sensação de direta conexão com o Criador, quando a pessoa começa a sentir os resultados de suas próprias atitudes e da diferença de sua atitude em relação ao Criador num modo recíproco corrigindo os 613, 620 desejos – até que se alinham com o desejo ou intenção que o Criador tem em sua direção.

[Tony aponta ao desenho]

Aqui, se esta intenção corresponde à intenção do Criador na sua doação, um segundo nível, Ruach, entra no Kli. Isto não é apenas conhecimento, isto não é uma coisa intellectual, isto é, na verdade, semelhança de forma com o Criador. Ou seja, o que está dentro do Kli é uma percepção direta do que existe fora do Kli. Este sexto sentido agora está dizendo à pessoa o que este objeto espiritual é de verdade; não que ele é sopa ou que ele é salada, mas que ele é um Pensamento na intenção do Criador em relação a toda a criação.

Aqui não há aquele tipo de desconhecimento ou validade que existe na primeira e segunda ocultação.

[Tony desenhando]

Aqui, na dupla e simples ocultação temos aquilo que sentimos como livre arbítrio. É livre apenas pelo fato de que estamos confusos e agimos como se nada mais existisse. Aqui, passada a barreira, é onde o real trabalho na Cabala começa, após o período de preparação de se trabalhar diretamente com a sensação do Criador num relacionamento.

Uma vez que a pessoa tenha ultrapassado a barreira e começa a trabalhar a correção dos desejos, o que ela realmente está fazendo, o que realmente está acontecendo é que ela terminou a preparação e está começando o trabalho com os livros da forma correta, isto é, de uma forma revelada. Na realidade, esta fase inclui tanto a fase da correção quanto a primeira revelação do Criador, na qual Sua providência é revelada ao homem. Baal HaSulam descreve esta transição:

Embora em ocultação, a fé da pessoa no Criador reina sobre o mundo e torna-se cada vez mais forte. Isto o leva a livros dos quais recebe a Luz da correção e um entendimento de como reforçar sua fé nas regras do Criador.

Quando seus esforços para acreditar na Providência do Criador atingem uma medida suficiente permitindo que a Luz da correção a influencie, torna-se apta a permitir que as regras do Criador a direcionem no estado de revelação. O Criador se revela a todas as Suas criaturas como o “Bom e Gentil” de acordo com seus desejos.

Em outras palavras, a pessoa começa a sentir não o que sentia como livre arbítrio através de seu ego, mas como resultado de seu desejo de se conectar com o Criador, sente-se como um e com a mesma intenção do Criador. É revelado a ela de forma que aquilo que chamamos de “livre arbítrio” é removido e vivenciado como um preenchimento de expectativas, não como um desafio. E ele descreve isso desta forma, que é profunda nisto:

A pessoa sente a bondade do Criador, paz, constante satisfação, ganha dinheiro de forma suficiente sem esforço, desconhece problemas e doenças; é respeitada e bem sucedida. Quando deseja alguma coisa, reza e imediatamente a recebe do Criador.

Quanto melhores ações ela pratica, mais bem sucedida se torna e vice versa; quanto menos bondade distribui, menos bem sucedida se torna.

O que ele quer dizer com isso? Tudo o que ela percebe é satisfação própria. Não mais imagina que haja algo além da realidade. Não deseja mais algo fora disso; está revelado perante ela. Ela vê a providência do Criador direcionada a ela; entende isso, tanto Ele é o autor disso como também o porque de tudo estar acontecendo – o que acontece aqui é que a pessoa está funcionando acima do tempo e espaço, dessa forma tudo que aconteceu antes disso transforma-se. Ela vê não apenas o futuro, como normalmente imaginamos sobre as pessoas que podem ver à frente do tempo e espaço. Sua correção avança não somente para o futuro, mas também seu passado é corrigido. Isto é, ela entende tudo o que ocorreu no nível inconsciente, em dupla ocultação, e antes disso, as coisas que acontecem por assim se dizer, todas aquelas ocorrências que ela sentiu como vazias ou ruins em que ela foi maltratada pelo Criador ou pelas pessoas. Tudo isso desaparece e ela entende perfeitamente por que aconteceu com ela, sentindo isso como uma relação direta.

Quando ela completar isso, há um outro estágio, muito mais refinado e sublime da segunda revelação do Criador. Isso é, ela não somente sente a providência do Criador sobre ela como sobre todas as criaturas; tem exatamente a mesma atitude; vê exatamente o que o Criador vê, quer o que o Criador quer, sente o que Ele sente e pode ver como isto afeta a totalidade da realidade. Isto é expresso como “ame seu proximo como a si mesmo” Ao experimentar isto, aquele véu é removido e a pessoa atinge “amor pelo Criador”.

Isto é muito importante porque este é o objetivo. Ao ver isso, podemos entender o que uma pessoa necessita neste estágio preparatório. Aqui, a fim de atingir este estágio, a pessoa deve começar a desenvolver um método que lide com aquele estado, o estado de “Ame seu proximo como a si mesmo”, o estado em que tudo se encontra interconectado existindo apenas com o propósito de preencher a totalidade. O que não é possivel apenas lendo livros por conta própria, ou aprendendo espiritualidade diretamente de um Cabalista. Este é o momento em que a pessoa faz a transição criando um ponto de real livre arbítrio ao criar seu próprio meio ambiente – precisa de um grupo, necessita criar este ambiente que lhe proporcionará simular este estágio final entendendo que os livros e o professor, além dos eventos da vida, necessitam ser dimensionados dentro daquilo que chamamos de um jogo ou simulação

Cabalistas estudam juntos, em um grupo, com objetivos muito, muito definidos. Tal objetivo é – a adesão ao Criador e “ame seu proximo como a si mesmo”. Entretanto, se a pessoa tenta atingir este tipo de relacionamento com o Criador sem este ambiente correto é como se ela tentasse atingir um alvo em movimento.

Nosso ego sempre nos pregará peças, porque, em relação ao Criador, como ter certeza de onde estamos? Como saber Suas reações em relação a nós quando estamos neste estágio de ocultação? Se desejarmos sair da ocultação, Sua real atitude em relação a nós deve ser revelada.

Dessa forma, Cabalistas estudam e trabalham juntos em um grupo de forma a aprender os sistemas de controle daquilo que querem atingir. É exatamente como treinar um piloto. Você o coloca num simulador. O que na realidade é um simulador? Uma caixa! Você sabe, há uma tela que lhe mostra imagens representando todo tipo de coisas que podem ocorrer quando estiver pilotando um avião. Porque você não vai pegar um novato e colocá-lo num 747 e dizer “vai em frente, experimenta ai, veja o que acontece”. Não. Você vai submetê-lo a uma situação onde eventos específicos vão acontecer, onde ele aprenderá quais são os controles, como raciocinar, como reagir. Mesmo que ele esteja apenas em uma caixa com um monte de controles eletrônicos e imagens pipocando em frente a ele, quando ele sair dali, saberá como reagir numa situação de emergência, como pousar em algum lugar na Grécia, onde nunca esteve, pois já fez isso numa simulação.

O grupo propicia um ponto em que a pessoa recebe retorno rápido, pois todos que ali estão buscam o mesmo objetivo. O que de pior pode acontecer é a pessoa assumir estes procedimentos em suas próprias mãos e não entender o objetivo, sem ser capaz de se auto-testar face a algo que realmente lhe mostre onde está em relação a ame a seu proximo como a si mesmo e ao objetivo que não o deixará distrair-se por outras coisas. Este é o ambiente perfeito para o desenvolvimento deste desejo.

O problema é que quando as pessoas iniciam o trabalho, vem com um desejo muito pequeno por espiritualidade. Têm vários desejos materiais e um pequeno desejo pelo Criador. Entretanto, quando você se agrupa com pessoas cujo desejo é pelo Criador, então esta inspiração preenche a pessoa. Não estão ali apenas por seus desejos, mas por todos do grupo. E o “ame seu proximo como a si mesmo” tem grandes implicações tanto na concientização como efeitos no mundo. Alguém atinge o amor do Criador através do amor das pessoas pois somos uma única alma. Assim, o entrar na espiritualidade não pode ser uma coisa individual em função do reconhecimento de que nossa interconexão é a chave para o mundo espiritual. E ao trabalharmos com todos os elementos – os livros, o Rav, o bom professor e o ambiente correto, o qual temos liberdade de criar para nós mesmos – é através disto que os Cabalistas podem entrar no mundo espiritual.

Junte-se a nós novamente à medida que progredimos cada vez mais nesta nossa jornada.