Desenvolvendo-se no Amor pelos Outros
A pessoa que está incluída num grupo, que ouve e lê, começa gradualmente a entender que deve se desenvolver no amor pelos outros e não no amor-próprio; então, ela começa a descobrir que não quer isso. Isto é, ela já entende que a "espiritualidade" significa doação, conexão com os outros, e que foi exatamente ali ─ nesse vaso que usamos para nos conectarmos e sentirmos a qualidade de doação ─ que ocorreu a quebra. Ela entende que a qualidade de doação, também chamada de "Deus" ou "a qualidade de Bina" (Inteligência), é a única qualidade que controla toda a natureza, e que ela deve adquirí-la, a fim de revelar o Criador dentro dela. Mas quando lhe dizem que ela deve alcançar o "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo", ela não concorda com isso, ou seja, ela percebe que sua natureza se opõe a isso.
No entanto, a essência do entendimento de que ela é oposta a essa qualidade já é uma descoberta. Isto é, a pessoa descobre que este Deus que é totalmente doador, é aquele que a criou diante d’Ele, como uma receptora, em oposição a Ele. Mas junto com isso, ela descobre que foi dado um meio pelo qual ela pode se transformar, corrigir-se, e este meio é chamado de "Torá como correção, que a Luz dentro dela a reforma".
E se a pessoa utiliza corretamente todos os meios, que em geral são chamados de "Torá" ─ o grupo, o professor, os livros, o estudo e a disseminação ─, ela atrai para si uma força especial chamada "a Luz que Reforma". E essa Luz já traz o déficit pela doação, o desejo de verdadeiramente ser como Deus, como Bina. Então, ela já não fica confusa pensando que Deus é uma figura que se encontra oculta em algum lugar, mas entende que é a força da natureza em geral, que é a natureza superior, e que alcançá-Lo significa "adquirir" a mesma natureza, alcançar o estado onde a "qualidade de doação" controla você.
A Luz que influencia a pessoa faz com que o pequeno desejo, que a levou a perguntar "Para que estamos vivendo?", alcance um diagnóstico mais preciso, mais correto e profundo, até que ele compreenda que deve alcançar a qualidade de doação. No princípio, ela sente que existe algum encanto nisso, mas ela não o quer; depois, ela já quer isso, mas percebe que não pode alcançá-lo.
Somente mais tarde isso é "aberto" para ela ─ a qualidade de doação é revelada a ela, ela "descobre Deus"; então, ela realmente pode doar aos outros, alcançar o amor dos outros. Nesta conexão com os outros, com todas as almas, com todos esses desejos, com os pontos nos corações de seus amigos, ela descobre o seu mundo espiritual, o Mundo Superior ─ uma realidade que é totalmente amor e doação, acima dos limites do ego da pessoa, que nós sentimos como limites de tempo, movimento e espaço; acima desta vida, acima das desvantagens e assim por diante.
Tratando Os Outros Corretamente
"Doar aos outros" significa impressionar-se com aquilo que eles querem, como uma mãe se impressiona com o desejo do seu bebê e lhe dá o que é bom para ele. Portanto, antes de mais nada, eu deve estar unido ao déficit deles. Isto é, primeiro eu aumento o meu desejo de receber ─ eu sinto o que você quer e isso se torna meu déficit, e sinto esse e aquele, o seu desejo, e tudo isso se torna meu déficit, etc.
Observe o exemplo que o Baal HaSulam nos dá em relação à lei "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo" ─ se o seu amigo quer uma cadeira, dê-lhe a cadeira. Se ele quer um travesseiro, dê-lhe o travesseiro. Isto é, torne o desejo dele maior, mais elevado e mais importante do que o seu próprio. Portanto, mediante a aplicação da lei "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo", eu compro desejos adicionais, eu expando a mim mesmo, eu aumento o meu vaso.
Nós achamos que precisamos doar. Doar o que? Eu devo expandir os meus vasos de recepção. A sabedoria Cabalística fala de uma forma muito realista ─ eu aumento a minha capacidade. Ao mesmo tempo, eu começo a preencher esses vasos. Mas, quando eu preencho esses vasos, será que eu ainda os sinto como os vasos de outra pessoa, ou talvez como vasos que já são meus? Se eu me conecto a eles em amor, então eles são meus vasos. Será que uma mãe acha que ela está satisfazendo um estranho? O seu bebê se torna seu vaso, sua principal internalidade.
Acontece que eu, propositadamente, tenho tal abordagem ímpar em relação ao mundo: que todos eles são estranhos para mim, mas na verdade, os milhares à minha volta são meus vasos corrigidos. Se assim for, o que não está corrigido? Somente a minha atitude em relação a eles não está corrigida. Se eu superar essa atitude e pensar neles como em mim mesmo, eu estou feito, eu recebo o vaso espiritual.
Saindo do Filme
Pergunta de um Aluno: Você disse que a palavra mundo (Olam) significa ocultação (Haalama). Se for assim, o que acontece no GMar Tikkun (Correção Final), quando este mundo "desaparece"?
Resposta do Dr. Michael Laitman: Quando eu digo "desaparece", refiro-me ao desaparecimento da ocultação, da sensação de que eu estou em algum tipo de mundo material, onde existem vários objetos, galáxias, a Terra, e tudo aquilo que ocorre em sua superfície, incluindo eu e os outros. Qual o significado de "oculto"? Eles não estão ocultos, mas você os vê da maneira errada. Quando a criança assiste um filme na televisão ou no cinema, ela está vivenciando-o ─ "Oh, não! Este leão vai pular em mim agora e me comer!". Embora você saiba que é um filme, você também pode ficar excitado como ele. Isso é chamado de "mundo imaginário".
Em outras palavras, você pode se encontrar ao longo do filme numa situação em que sabe que isso é um filme, e que só nos parece que estamos numa selva onde um leão salta repentinamente sobre nós, e assim por diante. Do mesmo modo, hoje todos nós vivemos dentro de um filme tridimensional que é projetado em torno de nós, dentro dessa terra da fantasia, exceto que não estamos conscientes de que este filme é projetado para nós.
A sabedoria Cabalística nos dá um ponto de exibição fora deste filme. Então, você pode olhar para si mesmo a partir de dois lados: de um lado, como uma criança dentro do filme, e de outro, olhando para tudo isso de fora e vendo toda esta realidade como uma "força sem um corpo" ─ que existem forças que desenham tal figura em nossa tela. O problema é que existe algum tipo de ocultação aqui da qual você não está ciente; portanto, voce trata essa coisa imaginária como real. Mas logo isso vai passar.
Este mundo não vai passar, mas você será capaz de olhar para ele a partir desses dois pontos ─ do ponto de vista da criança e do seu ponto de vista. Então você será informado, ou seja, você vai vê-lo nos livros, "continue a abordagem o nosso mundo como uma criança", e junto com isso, você começará a desenvolver o novo ponto de vista.