O Livro do Zohar Não Permite Que Nos Iludamos

Quando nós lemos O Livro do Zohar, compreendemos que ele fala sobre qualidades, formas e imagens que ainda não percebemos. É precisamente esta sensação de incompreensão que nos empurra para frente e nos leva a formar a percepção correta.

Se nós lêssemos outros livros Cabalísticos, poderíamos perceber tudo de uma forma puramente mecânica, com a nossa mente, ou na forma de imagens materiais. Então, ficaríamos satisfeitos com a percepção que reduz todos os conceitos ao nível do nosso mundo, sem compreendermos que eles são todos imaginários. Como alternativa, poderíamos considerá-los espirituais, ainda que de forma meramente teórica.

Em contraste, O Livro do Zohar com O Comentário do Baal HaSulam obriga-nos a buscar uma nova percepção que una estas duas imagens. Isso resulta no surgimento da verdadeira percepção da realidade. A pessoa não entende como isso acontece, mas o livro age sobre ela, e ela adquire, gradualmente, uma nova percepção.

A Vida Por Trás do Espelho

Enquanto nós vivermos somente na percepção deste mundo, não poderemos entender que ele é imaginário. Neste momento, a matéria é a única realidade que conhecemos e nós não sentimos mais nada. No entanto, o nosso objetivo é começar a perceber claramente o mundo em dois níveis: o material e o espiritual. Assim, entenderemos que um deles é imaginário. Isso não significa que ele não exista; "imaginário" significa que ele é um reflexo da forma verdadeira, enquanto que a segunda forma, a espiritual, é real.

Existe algo que é autêntico, e, depois, há o reflexo dele, como num espelho. Você não pode afirmar que o reflexo não exista. Além disso, é extamente o reflexo que nos permite chegar à percepção da forma verdadeira, espiritual.

A pessoa nunca percebe a forma espiritual separadamente, por si só. No caminho da correção, ela desenvolve continuamente uma percepção mais espiritual das formas do Criador, mas ela as revela dentro da forma imaginária deste mundo. Portanto, nós não podemos nos dela até que ascendamos todos os 125 degraus da escada espiritual.

Ao longo de toda a trajetória de correção, em todas as fases da realização, a percepção espiritual da pessoa se fortalece constantemente , baseando-se nestas duas formas: a imaginária e a real. A forma imaginária só é chamada imaginária. Mas será que nós realmente imaginamos o nosso mundo? Afinal, nós vivemos nele: essa é a nossa realidade atual.

A verdadeira realidade é o reino do qual as forças, as decisões e os fatos chegam até nós, enquanto que apenas o seu reflexo existe neste mundo, a fim de nos ajudar a alcançarmos a verdadeira realidade. Quando começamos a alcançá-la, nós chamamos este mundo de "imaginário". No entanto, ele não é uma fantasia inexistente, mas é necessário para que nós compreendamos a espiritualidade.