Aulas Diárias de Cabala

 
 

Páginas Diárias - 31-01-2010

Páginas Diárias é uma coleção de extratos das aulas diárias do Rav Michael Laitman e Bnei Baruch traduzidas para o Português.

Tornando-se um Vaso para a Luz

 

Pergunta: Qual é a conexão entre nós, o lugar onde você disse que devemos procurar todas as qualidades que lemos no Zohar? O que é a conexão?

Resposta do Dr. Laitman: É uma conexão entre todas as partes do universo, incluindo os níveis inanimado, vegetativo, animado e humano, a materialidade e a espiritualidade, entre todas as coisas. A conexão tem de ser simples, integral e completa em todos os sentidos. Todas as partes têm de estar conectadas ao máximo, 100%. Esta será chamada Malchut do Mundo do Infinito - o vaso para a Luz.

É um vaso material e espiritual, onde tudo o que existe se une, sem qualquer diferença. Todos os desejos, todos os fenômenos, e qualquer coisa que eu possa pensar, imaginar, sentir e entender, devem se fundir numa só harmonia, complementando-se mutuamente.

Agora mesmo, tudo isso parece imperfeito, dividido, distante, contrário, e oposto entre si, em todos os tipos de formas, porque estamos olhando para isso com a perspectiva errada. É por isso que estamos vendo uma imagem corrompida.

Mesmo no mundo físico, os físicos quânticos estão descobrindo que, quando eles observam um fenômeno, eles influenciam o evento pela sua observação. Este achado é realmente verdade; eles não estão imaginando isso. Eles revelaram uma lei objetiva. Mas eles têm apenas uma parte da lei - o fato de que tudo é alcançado através de uma conexão. Mas a segunda metade da lei diz que nós sentimos tudo dentro de nós, e não fora, como nos parece.

O mundo inteiro é o reino do Criador, mas ele depende totalmente de como eu olho para ele. Se eu olho para as coisas de forma positiva, então tudo é bom; e se eu olho para elas de forma negativa, então tudo é mau. Assim, a única coisa que tenho que corrigir é a minha perspectiva.


 

Uma Bússola no Caminho para o Criador

 

Antes de ler O Livro do Zohar, a pessoa tem que aspirar à meta. Todos os ciclos anteriores de vida, que nós atravessamos em nosso processo de desenvolvimento, foram desenvolvendo-nos no plano material, onde nós fomos encerrados dentro de nós mesmos. Nós só aspiramos a aumentar o nosso desejo interno de desfrutar, tentando satisfazê-lo o máximo possível. Neste caso, a pessoa experimenta uma conexão com os outros, apenas para usá-los para a auto-gratificação.

Finalmente, este processo de desenvolvimento leva-nos a um ponto onde nós esgotamos todas as possibilidades de sermos satisfeitos. Nós crescemos desiludidos em nossas tentativas de sentir a perfeição ou o prazer dessa maneira. Nós sabemos que não podemos alcançar uma vida perfeita e eterna, apesar do nosso desejo de desenvolvimento ter esperado por isso. Então, nós sentimos que não temos mais nada a fazer com essa incessante aspiração por auto-gratificação.

De repente, juntamente com a decepção com esta vida, nós revelamos um ponto no coração - um desejo de encontrar a resposta para a questão de como, apesar de tudo, é possível atingir essa sensação de uma vida perfeita e eterna. Este desejo nos puxa para fora em vez de para dentro, para o lugar onde a nós sempre tentamos encontrar a satisfação e a perfeição da vida.

"Para dentro" significa mudar a sua atitude para com as outras pessoas (embora você perceberá isso muito tarde). Anteriormente, você sempre aspirou usar o seu próximo, a fim de satisfazer-se. Mas agora você tem que entender que não há outras oportunidades, além de mudar sua atitude em relação ao seu próximo, de recepção para doação.

Ao doar ao seu amigo, você adquire um novo desejo: o desejo de outros que realmente estão dentro de você. Você descobrirá que seus desejos são realmente seus, pois eles são os desejos de sua alma. Se você adquirir a conexão correta com eles, então todos estes desejos se tornarão seus. Eles serão o seu vaso de percepção (o seu Kli).

Mas será que isso é realmente possível? Na verdade, isso nunca seria possível se nós tentássemos alcançar isso sozinhos. No entanto, é isso que devemos realizar, a fim de adquirir o sentido para perceber o mundo espiritual.

O reino espiritual reside além de seu corpo. É a sua atitude em relação ao que está "fora de você". Agora, isso parece inexistente, irreal e inatingível. Você rejeita esses desejos, que estão "fora de você". Você não consegue imaginar que eles pertencem a você; portanto, você não pode imaginar o que é o mundo espiritual. Você não pode sequer supor que, quando você atingir esses desejos, dentro deles revelará uma satisfação denominada "o Criador". Enquanto isso, no entanto, eles parecem inexistentes ou vazios para você.

Esta cegueira impede você de sentir que o mundo espiritual é composto por esses desejos "estranhos", que estão fora de você. Agora, você percebe a sua atitude de recepção em relação a eles como "inferno". Se, por outro lado, a sua atitude em relação a eles mudar para uma atitude de doação, então você sentirá que está no céu, porque você sentirá tudo o que os preenche - e você desejará que tudo isso os preenche! Em outras palavras, você mesmo cria o inferno ou o céu, "fora" de você.

Assim, no começo do seu desenvolvimento espiritual, o Criador leva-o a um grupo Cabalístico. No entanto, você não vê isso como sendo ótimo ou espiritual. Está escrito: "Toda pessoa julga os outros, conforme suas próprias falhas". O Baal HaSulam explica no artigo "A Ocultação e Revelação do Criador" que a sua atitude em relação aos outros determina o que você encontrará neles: o vazio ou a satisfação, neste mundo ou no mundo espiritual, e mesmo no Mundo do Infinito.

Portanto, você tem que se convencer de que a espiritualidade reside na sua atitude para com tudo aquilo que está fora de você, que está além dos limites de seus desejos materiais. Está escrito: "A Shechiná mora fora do homem" (além da pele ou da superfície humana, que se refere ao nosso desejo animal no nível de Aviut Dalet, na pele de um animal).

A pessoa deve realizar esta mudança interior com ajuda do exterior - a partir do grupo, o qual lhe dará a sensação correta, a compreensão e a confiança. O grupo irá convencê-la disso, porque o ambiente é capaz de nos convencer de qualquer coisa. Esta é a nossa principal tarefa.

Este é o trabalho mútuo entre eu e o Superior. Neste trabalho, eu começo a me conectar com o Criador mesmo nos estados em que eu não consigo sentí-Lo como "o bom que faz o bem” e "não há outro além d'Ele".

É por isso que nós organizamos os encontros de amigos, reuniões, congressos, e todos os tipos de eventos; para permitir que qualquer pessoa seja influenciada pelo ambiente correto, o qual nos convencerá de que a espiritualidade é alcançada justamente ao mudarmos a nossa atitude para com os outros.

Todo o estudo da ciência Cabalística é destinado a nos ajudar a entender isso, para nos convencermos disso, e para revelarmos a atitude correta de doação, até mesmo o amor, pelo nosso amigo. Através desta atitude nós também revelaremos o nosso verdadeiro eu – a nossa alma, ou, mais exatamente, a nossa alma comum, Malchut do Infinito. Nós revelaremos a Shechiná e o Criador governando tudo juntos, como está escrito, "Ele e Seu nome são Um".

Esta é a intenção que devemos ter ao ler O Livro do Zohar.


 
 
 
 
 

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