Aulas Diárias de Cabala

 
 

Páginas Diárias - 07-01-2010

Páginas Diárias é uma coleção de extratos das aulas diárias do Rav Michael Laitman e Bnei Baruch traduzidas para o Português.

A Quebra da Alma é um Ato Sagrado

 

A quebra dos Kelim tinha que acontecer, a fim de garantir que o desejo de receber e o desejo de doar não permaneceriam separados e incompreensíveis um ao outro, mas seriam combinados e aprenderiam a se entender. A quebra do único desejo criado, a alma, não aconteceu por engano; é parte de um programa que permite que a criação conquiste maior consciência, ao ser forçada a perceber o quão equivocada é a sua percepção.

Para o Superior, isto não é "uma quebra", mas um ato sagrado - a revelação para o inferior do quão oposto ele está em relação ao Criador. Portanto, ela é uma ação fundamental para se atingir a perfeição e a correção. Somente nos parece que isso é uma quebra, como uma criança que olha um alfaiate e acha que ele está destruindo o tecido ao cortá-lo com a tesoura; enquanto que, na realidade, o alfaiate faz isso para criar um terno a partir dele. Para o inferior, isto parece corrupção, mas para o Superior, é correção.

Para você me compreender, você deve descer ao meu nível. Imagine, eu sou um ladrão, um criminoso, cheio de vícios, e você é incapaz de compreender o meu estilo de pensamento. Portanto, você precisa descer até mim, e, de alguma forma, familiarizar-se com os meus vícios. Então, você perceberá como você pode se conectar comigo, a fim de resgatar-me do meu estado.

Não há outra maneira de fazer isso. Você terá que "se sujar" e estabelecer uma conexão real comigo, descendo até o meu estado inferior. É por isso que está escrito: "Eu, o Criador, estou com você em todos os seus vícios", e "A Shechiná está no exílio".

Somente a partir desse estado é que o Criador pode começar a elevar nós dois juntos. Portanto, a quebra foi necessária, e o nosso estado é o melhor estado possível do ponto de vista da liberdade de escolha.


 

Por Que Nós Temos a Percepção de um Mundo Externo?

 

O Criador nos faz acreditar que não apenas percebemos desde dentro, mas que à nossa volta existem pessoas que nos vêem e nos apreciam. No entanto, isso é uma ilusão, uma mentira. Não há nada do lado de fora, mas só dentro de nós. Então, por que temos essas impressões adicionais, externas? Porque por meio delas, o Criador expande nossos Kelim e constrói nosso novo nível, elevando-nos acima do nível animado, até o nível humano, o nível de "Adam" (que significa "como o Criador"). Tudo para nos tornar semelhantes a ele.

Nós pensamos que o Criador existe fora de nós, que entramos em contato, nos comunicamos e interagimos com pessoas fora de nós. Nós imaginamos Ele diante de nós, mas depois, nós o transferimos para dentro e nos fundimos com Ele. Então, não há nada diante de nós, visto que nos tornamos um todo com Ele.

No entanto, nesse meio tempo, nós O imaginamos como estando fora de nós. Esta é uma aparência enganadora que nos faz observar nossos Kelim como "externos", e isso nos permite adquirir Aviut adicional para o nosso desejo. É assim que o ego (o desejo no qual percebemos a nós mesmos em relação aos outros ou os outros em relação a nós) nos ajuda a alcançar a qualidade do Superior e a ser como Ele. Nós só precisamos mover esta imagem de fora para dentro, e depois nos uniremos a Ele.

No entanto, algo totalmente diferente pode acontecer após o fim da correção (GMar Tikkun). Os Cabalistas escrevem que o fim da nossa correção é apenas o início de um novo Estado; que, corrigindo os nossos desejos, começaremos uma nova fase. O tempo dirá.


 

Por Que Eu Preciso Deste Mundo Imaginário?

 

Pergunta de um aluno: Qual é abordagem da ciência Cabalística para a percepção da realidade?

Resposta do Dr. Laitman: A abordagem é muito simples. O ser humano é um desejo. Este desejo imagina a si mesmo desde dentro: Quem sou eu, o que sou eu, do que sou constituído, como eu existo, assim como o que e como eu sinto? Além disso, ele imagina que supostamente existe fora deste desejo, como se houvesse outra forma de desejo de alguma forma descrita como fora de si mesma.

Há uma grande lacuna entre o desejo que parece pertencer a mim (no qual eu imagino a mim mesmo), e o desejo no qual eu percebo tudo que me rodeia. O desejo no qual eu imagino o meu ambiente externo é desconectado do meu "eu" interno.

Este desejo externo se sente estranho em relação ao meu próprio desejo; no entanto, eu o analiso somente na medida em que o desejo interno pode beneficiar-se dele, ou seja, recebo prazer dele em meu desejo interno. Portanto, eu não posso matar esse desejo externo; eu posso livrá-lo de toda a vida e Luz, porque eu não me importo com o que acontece com ele. A coisa mais importante para mim é lucrar no meu desejo interior. Eu uso o desejo externo apenas para beneficiar o meu desejo interno.

Por que nós percebemos o mundo e a nós mesmos dessa maneira? O Baal HaSulam explica que há apenas um desejo, mas este tem duas diferenças inerentes: a separação em interno e externo. Através desta quebra, o Criador permitiu que sentíssemos a diferença entre Ele e nós, para sentirmos quão opostos estamos, um em relação ao outro, e quão distante Ele está de nós. No entanto, em vez de sentí-Lo, nós estamos imaginando o mundo que nos rodeia agora.

Portanto, de que modo Ele pode infundir a Si próprio, a qualidade de doação, em nós, a qualidade da recepção? Ele faz isso dando-nos um exemplo do que representam estas duas formas da natureza, o que significa receber e doar.


 
 
 
 
 

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