Aulas Diárias de Cabala

 
 

Páginas Diárias - 23-03-2010

Páginas Diárias é uma coleção de extratos das aulas diárias do Rav Michael Laitman e Bnei Baruch traduzidas para o Português.

Não Permaneça No Mesmo Sistema Por Muito Tempo

 

O Zohar, Capítulo "VaYaera (E O Senhor Apareceu)", Item 258: O Din (julgamento) que o Criador realizou no dilúvio e o Din em Sodoma eram ambos Dinim do inferno, uma vez que os ímpios são condenados no inferno pela água e pelo fogo.

Item 259: Sodoma foi condenada pelo julgamento do inferno, como está escrito: "Então o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo desde os céus". Uma delas foi condenada com água; outra foi condenada com fogo. E ambas são condenações do inferno. E os ímpios no inferno, são condenados por estes dois discernimentos, pois não existe inferno de neve, que é água, e existe inferno de fogo.

Nós temos que entender que nós realizamos todos os discernimentos dentro de nós, enquanto que a própria realidade não muda. Eu estou no Mundo do Infinito, mesmo agora, e nada pode mudar a realidade existente. A única coisa que muda é a minha própria percepção, sensação, consciência, compreensão e avaliação. Essas mudanças são o que eu sinto.

Está escrito: "Cada pessoa julga com o grau de sua própria deficiência". Em outras palavras, eu descrevo uma imagem dentro de mim segundo a minha avaliação do Mundo do Infinito. É por isso que o céu e o inferno, bem e mal, e julgamento pelo fogo e pela água são diferentes níveis da minha atitude em relação ao quadro estático e imutável. Está escrito: "Eu não mudei Meu Havaya".

Nós descrevemos a nossa própria realidade dentro de nós com a nossa atitude em relação a um estado constante. Tudo depende de nossas qualidades, percepções e apreciações do Mundo do Infinito, o Criador, a Luz, e a doação absoluta.

Céu, inferno, e diferentes tipos de sentença são todos estados que eu revelo dentro de mim. Nada muda do lado de fora. Tudo é determinado pela mudança que ocorre na minha consciência ou a minha visão. Em outras palavras, tudo depende de mim e dos meus valores internos, qualidades, e fundações.

Disso resulta que tudo depende da educação e da sociedade que me ajudará a mudar as minhas fundações. É assim que eu posso desenvolver uma atitude mais precisa para com a realidade imutável. Quanto mais rápido eu for capaz de mudar minhas qualidades interiores, mais rápido eu irei de um "sistema" ao outro.


 

Da Ilusão à Percepção da Realidade

Uma pergunta que recebi: Qual deve ser a nossa intenção durante a leitura do Livro do Zohar: revelar a Luz entre os amigos, revelar o texto dentro de nós mesmos, ou ambos? E qual é o mais importante?

Minha Resposta: Eu não considero os dois em separado. Nós conversamos sobre como o mundo inteiro está dentro da pessoa, e que toda a realidade que eu percebo existe dentro de mim. Mesmo que eu atualmente exista dentro de uma ilusão, pensando que eu vejo amigos diante de mim, o mundo à minha volta, os inimigos, as casas, estrelas e tudo o mais, o fato é que tudo isto é o meu próprio desejo. É assim que eu o percebo.

O meu desejo contém esferas. Algumas delas são minhas esferas internas, chamadas de raiz (Shoresh), alma (Neshama), e corpo (Guf). Depois, há uma esfera mais externa, chamada de vestimentas (Levush), bem como uma mais externa, chamada palácios (Eichal).

É por isso que eu percebo a mim mesmo dentro das esferas internas (raiz, alma e corpo); e nas esferas externas (vestimentas e palácios), eu percebo o mundo, o qual parece estar fora de mim. Isto é assim porque durante a Segunda Restrição (Tzimtzum Bet), as duas esferas externas se separaram de mim e tornaram-se circundantes em relação a mim. É por isso que me cercam. No entanto, na realidade, elas são minhas. Elas existem dentro de mim e eu só as percebo como externas.

Como os meus desejos internos são Keter, Hochma e Bina (ou raiz, alma e corpo), dentro deles eu percebo a Luz Interior (NaRaN). Nos desejos que me cercam (vestimentas e palácios), há um fraco brilho circundante, e é por isso que eu não os considero muito importantes. Eu dependo deles, em certa medida; por exemplo, as estrelas e o sol brilham para mim e para o mundo que me cerca, mas a coisa mais importante sou eu.

Eu nem sequer suspeito que os meus desejos mais importantes são precisamente aqueles que estão fora de mim. E todos eles são meus. Eu simplesmente existo dentro de uma ilusão onde eles me parecem estranhos.

Então, onde está o grupo, o professor, o Criador, O Livro do Zohar, o mundo inteiro, minha esposa e meus filhos? Eles estão todos dentro dos meus desejos. Com quem eu casei: com meu desejo. Com quem eu gritei hoje? Quem me fez rir? Todos eram meus próprios desejos. Tudo isso sou eu.

Você pode dizer: "Então você está dizendo que eu estou dentro de você, mas eu digo que você está dentro de mim. Quem está certo?". A resposta é que ambos estão corretos.

Enquanto nós não ascendermos acima deste mundo para a espiritualidade, não seremos capazes de nos livrarmos dessa ilusão. No entanto, se eu perceber o mundo inteiro como o meu desejo, então será muito mais fácil para mim ir da percepção ilusória da realidade à verdadeira sensação da realidade.


 
 
 
 
 
 
 
 
 

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