Anseio pela Santidade na Escuridão
Quando eu leio O Livro do Zohar, eu preciso sentir que ele está falando sobre mim. Ele me fala de um jeito diferente e estranho sobre o que está ocorrendo dentro de mim, e somente dentro de mim. Eu tenho figado, pulmões, rins, baço, sistema digestivo, etc., e além desse sistema, dentro de mim, existe também o sentimento, e esse livro está falando somente sobre esse sentimento. Dentro desse sentimento existe desejos diferentes, qualidades, pensamentos, todos os tipos de impulsos. Eu devo me perguntar: Com exceção da carne que está dentro de mim, quem é a pessoa dentro de mim? E eu pego essa especie de faca, abro-me totalmente, e olho dentro.
E o que eu vejo? O que exatamente os autores do Zohar descrevem para nós. Vocês devem se esforçar para ver e identificar isso. Dentro dessa “pessoa” dentro de mim existem qualidades chamadas Esaú e Jacó, boi e asno, pássaros e árvores, Adam Ha Rishon, e a Arca de Noé. “Árvore”, significa um desejo único em mim, uma qualidade especial. A Arca é uma qualidade única na qual eu posso me ocultar, que pode me proteger.
Eu devo começar a trabalhar com nisso. O que eu ganho com isto? A verdade é que isto não vai lhes trazer nada. Ao se esforçar em identificar essas coisas, uma força chamada “A Luz que Reforma” vem até você, e é por ela que devemos ansiar. Digamos que você deixa a aula e diz a si mesmo: 'Eu consegui! Eu senti que hoje eu entendi quem é Jacó, quem é Esaú, quem é Israel, etc”. E daí? Isso não significa nada. Na próxima vez você vai embora e dirá a si mesmo: “Eu não entendi nada, eu não consegui me concentrar, tudo está árido. Eu consegui me esforçar por alguns minutos durante toda a lição”. Precisamente esses poucos minutos é que serão o seu ganho.
Isto é o “ocultamento”. Somente aquele que investe, e respeita esses momentos, a sensação de dissabor, a falta de clareza, e deseja avançar sobre isso em direção à “doação” somente através desses ganhos.
Eu estou dizendo a vocês por experiencia própria ─ às vezes é necessário estudar o Zohar por duas ou três horas, sem se levantar, até quebrar essa não falta de receptividade, e entrar num estado em que você começa a trabalhar com essas forças.
Mas as correções que vocês fazem durante essas duas ou três horas, é a coisa mais importante. Não foi em vão que o Baal HaSulam escreve na “Introdução ao Talmud Eser Sefirot” (Introdução aos Estudo das Dez Sefirot), que exatamente nesses estados de ocultamento, estão os estados em que você pode trabalhar duro, e demonstrar que realmente deseja se aproximar da Divindade. Não há duvida que isso é completamente oposto a tudo que estamos acostumados neste mundo, onde julgamos tudo de acordo com nossos sentimentos egoístas.
Portanto, aquele que trabalha na escuridão, e sente que isso não faz sentido, precisa perceber que esses estados são muito benéficos para o avanço em direção à doação, de tal modo que com o tempo ele não desejará outro estado, mas sim entenderá que esse esforço grandioso é a recompensa. Estes momentos são dados para que você trabalhe arduamente sem receber nada que desperte o ego, suas tendências maldosas, o orgulho, o entendimento, a mente, e o sentimento ─ entretanto, você tem a opção de insistir um pouco e fazer grandes esforços ─ esses são os melhores estados. A capacidade de alcançar esse ponto de contato com a santidade na escuridão é uma recompensa. Em tais estados fica claro que você não será prejudicado pelo seu desejo de receber.
Portanto, nós devemos estar felizes nos estados que não têm sentido. Através deles a pessoa cresce. É óbvio que aqui o apoio do grupo é muito importante, a impressão e todo o entusiasmo, que inclui todos os nossos amigos ao redor do mundo. Quando você não recebe o apoio do Criador (mesmo que isso venha Dele), você pode ansiar pelo apoio do grupo ─ e essa é a melhor coisa. Aqui há espaço para a prece de muitos, para o esforço verdadeiro e correto.